Castro do Monte Castêlo em Matosinhos sofre terceira campanha arqueológica

A terceira campanha arqueológica no Castro do Monte Castêlo, em Matosinhos, distrito do Porto, cujo primeiros vestígios desta ocupação foram revelados em 2016, começou na segunda-feira e prolonga-se até dia 25 de maio, anunciou hoje a câmara local.
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"Na encosta que vai do Castro do Monte Castêlo ao leito do rio Leça existiu durante o período de ocupação romana um porto comercial onde se crê estarem as raízes remotas de Matosinhos", referiu, em comunicado.

As escavações de 2016 e 2017 revelaram já diversos muros que corresponderiam à existência naquele local, classificado como Imóvel de Interesse Público, de duas casas do tempo do Império Romano, mas também a construções mais antigas, adiantou.

Foram ainda recolhidas, para estudo posterior, numerosos fragmentos de cerâmica e amostras de sementes, os quais deverão dar indicações preciosas para a reconstituição dos diversos aspetos da vivência quotidiana das populações que habitaram aquele local há cerca de 2.000 anos.

A autarquia adiantou que a "grande quantidade" de ânforas encontradas tem, por outro lado, evidenciado a diversidade de contactos comerciais deste porto com zonas tão distantes como a Itália ou o norte de África.

"Pela importância dos materiais recolhidos, o Castro do Monte Castêlo é um dos sítios arqueológicos mais importantes da região litoral situada entre os rios Douro e Ave. Sob a terra e a vegetação ocultam-se, assim, mil anos de vida quotidiana das populações que aqui se cruzaram com soldados, comerciantes e marinheiros oriundos de outras províncias do império romano, integrando-se progressivamente num novo espaço económico e político de âmbito europeu", sustentou.

Resultado da colaboração entre a Câmara Municipal de Matosinhos e o Departamento de Ciências e Técnicas do Património da Faculdade de Letras da Universidade do Porto (FLUP), com o apoio da União de Freguesias de Guifões, Custóias e Leça do Balio e da APDL -- Administração do Porto de Leixões, proprietária daquela parcela de terreno, os trabalhos arqueológicos vão dar sequência às escavações realizadas nos dois anos anteriores, procurando trazer à luz novos vestígios da atividade portuária que terá dado origem a Matosinhos.

Integrados nas comemorações do Ano Europeu do Património Cultural e do Dia Internacional dos Monumentos e Sítios, estes trabalhos são parte de um projeto de investigação plurianual, visando a investigação, valorização e divulgação do sítio arqueológico.

Serão realizados como parte integrante do módulo de formação prática em técnicas de escavação arqueológica da licenciatura de Arqueologia da FLUP, contando, assim, com a participação de um grupo de estudantes finalistas desta instituição.

No dia 18 de maio terá lugar um Dia Aberto à Comunidade, durante o qual o público interessado poderá contactar com os investigadores e usufruir de uma visita guiada ao sítio arqueológico.

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