Cassiano Neves deita a toalha ao chão como presidente da Federação

Um ano e meio depois de eleito, o presidente da Federação Portuguesa de Râguebi, Luís Cassiano Neves, considera que o seu mandato se encontra esgotado e decidiu demitir-se
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Maus resultados desportivos, uma situação financeira muito complicada, abandonos sucessivos de técnicos e de elementos ligados à direção e a clara oposição dos principais clubes, sabe o DN, levaram o presidente da direção da Federação Portuguesa de Rugby (FPR), Luís Cassiano Neves, a apresentar a sua demissão.

O antigo jogador e ex-treinador do CDUL - seu clube de sempre e que conduziu ao título nacional em 2012 -, e advogado especialista em direito desportivo, 38 anos, foi eleito em novembro de 2015 para um mandato de quatro anos, ao derrotar no ato eleitoral o antigo presidente, Carlos Amado da Silva.
Com a modalidade a passar por um mau momento desportivo - despromovida do European Championship, a seleção principal, mesmo vencendo invicta o Trophy, não conseguiu subir de escalão ao ser derrotada pela Bélgica no jogo de play-off, enquanto a seleção de sevens também ficou de fora do Mundial de 2018 (após ter estado presente nas últimas cinco fases finais!) e nem sequer se qualificou para o torneio de acesso, no próximo ano, às World Series de onde fomos afastados em 2016 -, sucederam-se recentemente abandonos importantes como os dos técnicos adjuntos da seleção nacional David Penalva e João Pedro Varela, do vice-presidente António Vieira de Almeida e ainda do responsável pelas relações internacionais Rui Alvarez Martins.

Face à decisão da maioria dos presentes na última Assembleia Geral de 8 de julho, de se oporem à intenção da direção federativa de aumentar as taxas aos clubes com vista a efetuar uma poupança de 200 mil euros no orçamento de funcionamento, realizou-se esta semana uma reunião entre a direção da FPR e os seis clubes que viram aprovada a sua proposta para tentar solucionar o problema de outra forma.

Um dos presidentes dos clubes envolvidos - curiosamente na reunião até só estiveram presentes três, Agronomia, Cascais e Técnico... - disse ao DN que tudo foi tentado "para arranjar soluções com vista a resolver parte do buraco financeiro, ou seja, poupar os tais 200 mil euros por ano que a Federação pretendia." Para tal, a arbitragem iria ver reduzido o seu custo em 70 mil euros (passariam a ser pagos aos árbitros só 5/12 do valor anual total) e comprometendo-se ainda os clubes a assegurar desenvolvimento e formação, o que permitiria economizar mais 130 mil euros. "Mas talvez por a FPR considerar tais medidas de difícil execução", acrescenta o dirigente, "o presidente comunicou logo ali que o mandato da direção estava esgotado e iria apresentar a sua demissão."

Alguns dos erros crassos apontados aos 18 meses da direção de Cassiano Neves são a falta de visão quanto ao rumo que devolva a modalidade ao caminho de sucesso que já percorreu em tempos não muito distantes; o deliberado (e prejudicial) corte de comunicação com a World Rugby, entidade máxima do râguebi mundial e que anualmente providencia 400 mil euros para Portugal; a perda do lugar de vice-presidente da direção do Rugby Europe; a não resolução dos problemas que continuam a deixar de fora da seleção jogadores que alinham em clubes franceses (e que tanta falta fizeram no decisivo jogo perdido com os belgas!); e a manutenção de ordenados impraticáveis, ao nível de técnicos e administrativos, com a atual realidade da federação, que viu serem substancialmente reduzidas as verbas que recebe da World Rugby e do Comité Olímpico de Portugal (só este deu perto de 700 mil euros entre 2013 e 2016!).

Quanto ao futuro, ele encontra-se agora nas mãos do presidente da mesa da Assembleia Geral, que terá que garantir a transição até serem marcadas novas eleições no prazo máximo de 90 dias. Mas face às muitas decisões que urge tomar elas deveriam surgir o mais rapidamente possível.
Todas as tentativas do DN para contactar o presidente demissionário Luís Cassiano Neves não tiveram sucesso.

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