Os onze casinos portugueses fecharam 2020 com uma quebra histórica nas receitas do jogo. Os proveitos da exploração de máquinas automáticas e jogos bancados (póquer, roleta, bacará, entre outros) atingiram os 157,8 milhões de euros, um decréscimo de 49,9% face aos 315,2 milhões registados em 2019, segundo os dados apurados pela Associação Portuguesa de Casinos..Mais de dois meses e meio de portas fechadas devido ao confinamento da primavera, restrições nos horários de funcionamento e o encerramento em vários fins de semana de novembro e dezembro catapultaram a atividade para um ano desastroso..Os casinos do Estoril e Lisboa foram os que registaram o maior decréscimo nas receitas brutas. A sala de Lisboa, a que movimenta mais volume de jogo no país - respondeu em 2020 por uma quota de 24,3% -, fechou o ano com proveitos de 38,4 milhões de euros, uma quebra de 54,6% face a 2019. O casino do Estoril totalizou 29,9 milhões de euros, uma descida de 52,2%..A sala de jogo da Póvoa de Varzim, também nas mãos da Estoril-Sol, também não apresentou melhor performance, com as receitas a totalizarem 23,1 milhões de euros no ano passado, um decréscimo de 48,8% quando comparado com 2019. Em termos globais, os três casinos da Estoril-Sol apresentaram uma quebra de 52,5% nas receitas, perfazendo 91,5 milhões..2021 abre negativo.As receitas brutas de jogo do grupo Solverde, que explora as salas de Espinho, Algarve (Vilamoura, Praia da Rocha e Portimão) e Chaves, apresentam as mesmas tendências negativas. O casino de Espinho contabilizou, no ano passado, 25,8 milhões de euros de proveitos, uma quebra de 47,2% face a 2019..Os três espaços de jogo do Algarve atingiram receitas acumuladas de 18,9 milhões de euros, menos 46,4%, apesar de a região ter sido menos afetada pelo surto pandémico, o que permitiu que estes casinos tivessem mais dias abertos no ano do que outros instalados em zonas mais atingidas. Em Chaves, os proveitos fixaram-se nos 4,4 milhões de euros, uma descida de 44,7%. O grupo Solverde acabou por fechar 2020 com uma quebra de 46,7%, ou seja, totalizando receitas acumuladas de 49,2 milhões..O casino da Figueira da Foz, concessionado à Amorim Turismo, registou receitas da ordem dos nove milhões de euros no ano passado, uma quebra de 45%. Já a sala da Madeira, gerida pelo grupo Pestana, apresentou proveitos de 5,1 milhões, menos 45,4%. O espaço de jogo de Troia, nas mãos da Oxy Capital, contabilizou 2,8 milhões de proveitos, uma quebra de 31,2%..As medidas decretadas para combater a pandemia não só impactaram negativamente o negócio como impediram o lançamento dos concursos públicos internacionais para as concessões da zonas de jogo do Estoril/Lisboa e Figueira da Foz, que terminaram no final do ano passado. O Governo já fez saber que essas salas de jogo se iriam manter sob gestão das atuais concessionárias, os grupos Estoril-Sol e Amorim Turismo, respetivamente..O ministro da Economia, Pedro Siza Vieira, também anunciou que não seria exigido às concessionárias o pagamento da contrapartida mínima anual sobre as receitas de jogo devido ao embate da pandemia na atividade. Esta taxa, instituída em 2001, estabelece o pagamento de um valor mínimo ao Estado, independentemente do valor das receitas de jogo geradas no exercício..O novo ano trouxe um renovar de incertezas. Os casinos iniciaram 2021 de portas fechadas e com o confinamento esperado a partir desta quinta-feira deverão ter pela frente mais umas semanas de obrigatória inatividade..Sónia Santos Pereira é jornalista do Dinheiro Vivo