Cascais vai ter mais luz. Festival Lumina terá mais um dia
Estamos a tentar trazer os coelhinhos para aqui e depois levar para outros festivais", conta Carole Purnelle, metade da dupla OCubo, responsável pela organização do Lumina, o festival de luz que acontecerá em setembro, pela quarta vez, em Cascais. É lá que quer instalar os bichos da artista australiana Amanda Parer. Os mesmos que se podem ver agora no festival de inverno de Aberdeen, Reino Unido.
Os coelhos têm entre 5 e 7 metros de altura e serão uma das 27 obras de arte (com luz) que estará no no próximo Lumina. O festival passa a ter quatro dias, mais um do que nas edições anteriores, anunciaram ontem a câmara de Cascais durante uma sessão de apresentação da sua programação para 2016.
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Da mala de Carole Purnelle sai um dossier gordo cheio de fotografias. São das obras de arte que quer ter no festival. Chama a atenção para as datas. "Ainda não sabemos se será de 8 a 11 de setembro ou de 15 a 18", confessa. "É um evento altamente familiar", começa. "A escola ainda não pode ter arrancado", sentencia. A câmara, principal financiadora do evento, aposta no primeiro.
Orçamento de 300 mil euros
O orçamento são 300 mil euros. A este valor juntam-se mais 100 mil oriundos de um fundo europeu a que concorrem anualmente e as parcerias com outros festivais "que baixam os custos de produção". "Só fazendo parte desta light family é possível", diz a artista.
Muitos fatores entram em concorrência na hora de decidirem que peças trazer. Onde as instalar? Qual possibilidade de haver filas? Aconteceram no passado e é o que preveem que aconteça com a instalação que projeta a íris de cada pessoa num edifício, conta Carole Purnelle.
"Às vezes até olhamos para as marés", diz. Há sempre uma instalação sobre a Baía de Cascais e é lá que gostariam de ter a rede de pesca gigante da autoria da norte-americana Janet Echelman. "Ela é hipercara!", admite, sem rodeios e sem sinais de querer desistir.
O italiano Antonio Barrese é outra das figuras de primeiro plano que a artista/organizadora querer trazer a Portugal. "É o pai da arte cinética, já estava a trabalhar nos anos 60". É um evento global, com artistas oriundos de Israel e Polónia, Brasil e Eslovénia, Finlândia e França.
Há um ano cerca de 400 mil pessoas estiveram em Cascais para o festival. "É o evento que mais pessoas traz a Cascais", notou o vice-presidente da autarquia, Miguel Pinto Luz, durante a apresentação da programação. "É um orgulho. Não é na capital e traz imensa gente de Lisboa de comboio", dispara Carole Purnelle, sem modéstias e com um sotaque afrancesado.
Uma belga e um português
Carole é belga, o marido, Nuno Maya, é português. Juntos são OCubo. Fazem o Lumina e as animações 3D que têm ocupado a fachada do Terreiro do Paço e de outros monumentos portugueses. "Temos duas vidas. Somos artistas, andamos pelo mundo inteiro", conta. Entre 14 e 17 de janeiro apresentam a peça Circus of Light no festival Lumiere, em Londres, por exemplo, e em setembro também vão ter uma das suas obras de video mapping no Lumina.
O festival é gratuito e passa por cerca de 30 locais de Cascais. Do Largo da Estação, a clássica Rua Direita, a Cidadela, a Casa das Histórias Paula Rego ou o Parque Carmona... "É uma vila inteira dedicada ao Lumina", diz Carole. "O objetivo é pôr as pessoas em contacto com a arte contemporânea".
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"Entre 250 a 300 pessoas trabalham no Lumina nos últimos 15 dias [de produção]", explica Carole Purnelle. "É superpesado a nível de produção. Entramos em força em Cascais. Tem de ser limpa para receber as peças". Antes é preciso decidir onde vai ficar cada obra. "Temos um mapa do local gigante vamos colando post it e tirando. Demora muito tempo...". E, acrescente-se, "ninguém estraga nada".