Casamento gay aprovado. Schulz a favor e Merkel contra

Líder do SPD disse estar feliz pelos futuros casais que se vão poder casar. Chanceler alemã e líder da CDU afirmou que casamento é entre um homem e uma mulher
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A Alemanha tornou-se ontem o 23.º país a aprovar o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Na hora de votar no Parlamento, os dois parceiros da coligação governamental, a CDU e o SPD, dividiram-se e mostraram já aos eleitores que, apesar de juntos no poder, nas eleições legislativas de 24 de setembro são dois partidos rivais e muito diferentes entre si. Isso mesmo demonstram a forma como votaram e as declarações que fizeram a chanceler alemã e o líder dos sociais-democratas.

"Para mim, aos olhos da lei, o casamento é entre um homem e uma mulher e, por isso, votei contra", justificou-se Angela Merkel, sublinhando que, apesar de tudo, respeita a decisão e os pontos de vista diferentes do seu. "Espero que o voto de hoje [ontem] não só mostre que existe respeito pelas opiniões diferentes como também conduza a mais paz social e coesão", acrescentou a líder dos democratas--cristãos da CDU. Martin Schulz aplaudiu, por seu lado, o resultado que se saldou em 393 votos favoráveis, 226 contra, quatro abstenções. "O progresso é possível. Como o 23.º país do mundo, agora temos igualdade no casamento na Alemanha. Estou feliz. Por todos os futuros casais do mesmo sexo", escreveu, no Twitter, o líder dos sociais-democratas e ex-presidente do Parlamento Europeu.

Falando depois numa ação que decorreu na Porta de Brandeburgo, em Berlim, Schulz lembrou que o casamento gay (que deverá ser aprovado pelo Senado) poderá ainda esbarrar no Tribunal Constitucional Federal da Alemanha. O partido de Angela Merkel está ele próprio dividido sobre o assunto e, se alguns deputados aplaudiram a liberdade de voto dada por Merkel, outras pensam recorrer ao tribunal por considerarem que é necessária uma alteração à Constituição - sob pena de a lei do casamento entre pessoas do mesmo sexo ser declarada ilegal. Mais confiante, a diretora-executiva da ILGA-Europa, Evelyne Paradis, declarou: "Após anos e anos de espera, as famílias arco-íris da Alemanha vão ter o mesmo reconhecimento perante a lei e isso é um momento histórico que inspira cada vez mais pessoas da comunidade LGBTI."

Atualmente, no mundo, já reconhecem o casamento entre pessoas do mesmo sexo na Argentina, Bélgica, Brasil, Reino Unido, Canadá, Colômbia, Dinamarca, Finlândia, França, Gronelândia, Islândia, Luxemburgo, México, Holanda, Nova Zelândia, Noruega, Portugal, África do Sul, Espanha, Suécia, Uruguai e Estados Unidos. No continente africano, a África do Sul é caso único de legalização, no asiático não há nenhum país que reconheça o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Há apenas o caso de Taiwan, onde, em maio, o Tribunal Constitucional deu dois anos ao governo para que aprove legislação no sentido de legalizar o casamento gay.

Apesar do voto de ontem, a Alemanha já permitia a união de facto entre pessoas do mesmo sexo desde o ano de 2001. Vários dos seus políticos são assumidamente gays. É o caso de Jens Spahn, o mais jovem deputado do Parlamento alemão, que tem 37 anos e é da CDU, do ex-ministro dos Negócios Estrangeiros, Guido Westerwelle, do FDP e do ex-presidente da Câmara Municipal de Berlim, Klaus Wowereit, que pertence ao SPD.

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