Casamento cigano continua mesmo depois de tiroteio

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Tiros com armas de guerra na boda. Reforço policial no hospital e no perímetro da festa. O casamento de etnia cigana, na Quinta das Janelas, na Cidreira (Coimbra), transformou-se, ontem, num caso de polícia. Um rapaz de 12 anos foi internado no Hospital Pediátrico do Centro Hospitalar de Coimbra, vítima de balas que lhe atingiram os braços e o tórax. Outros três baleados, com idades a rondar os 20 anos, foram assistidos nas urgências dos Hospitais da Universidade de Coimbra (HUC).

Às primeiras horas de domingo, viveram-se momentos de tensão, com familiares e amigos dos feridos a invadir a zona das urgências dos HUC, causando alguns danos materiais e temor entre os profissionais. A PSP reforçou o dispositivo e, ainda ontem, continuava naquele perímetro hospitalar (a PSP ao domingo não possui ali qualquer efectivo).

De entre as vítimas, todos do sexo masculino, segundo fonte hospitalar, um deles continuava ontem internado no recobro do bloco operatório, em estado grave. Outros dois adultos tiveram alta.

Tudo aconteceu por volta das três da madrugada de ontem e, ontem à tarde, "a boda prosseguia" sob vigilância mais apertada das autoridades, apurou o DN.

Foram os moradores daquela zona, Cidreira, a pedir a intervenção da polícia. "Entre as 03.00 e as 03.20 fomos alertados para os desacatos com disparos. Quando os elementos da GNR chegaram já não havia ninguém. Nem convidados nem noivos. O caso passou para a PJ", esclareceu, ao DN, o oficial de operações do Comando Geral da GNR, em Lisboa. A mesma fonte acrescentou que foram encontrados no chão "invólucros de munições de arma de fogo com calibre de nove milímetros".

A Quinta das Janelas, situada perto da rotunda da Cidreira, na Estrada Nacional 111, estava já a ser objecto de vigilância discreta, horas antes do casamento, apurou o DN, por se temer alguma rixa. Segundo a mesma fonte, chegou mesmo a equacionar-se a hipótese de impedir a realização da boda.

Este casamento tinha sido sinalizado pelas autoridades judiciárias, ainda na sexta-feira, e toda a atenção estava concentrada neste espaço de festas e banquetes situado nos arredores da cidade de Coimbra. Por se tratar de uma área de jurisdição da GNR, coube ao dispositivo daquela força de segurança, que estava no terreno, entrar na quinta. Na altura, todos tinham fugido. No chão, ficaram os invólucros, que serão agora objecto de perícia criminal.

Apesar do crime, os convivas regressaram, ontem, à Quinta das Janelas, cumprindo os rituais dos casamentos daquela etnia. Os convidados vieram de vários pontos do País, sendo, alegadamente, os noivos da região de Coimbra. As autoridades não divulgaram as causas dos desacatos. A meio da tarde de ontem, a festa decorria "dentro da normalidade", disse uma fonte policial ao DN. Este crime, porém, não é o único dos últimos dias, com elementos de etnia cigana. Está tudo em investigação na Directoria do Centro da Polícia Judiciária (ver caixa).

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