Casa dos Segredos tem mais candidatos do que faculdades

Quinta edição do reality show teve 105 mil inscritos, mais do dobro dos que se candidataram ao ensino superior na primeira fase. Especialistas e apresentadora recusam misturar motivações
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A cinco dias da estreia da sua quinta temporada, o reality show Casa dos Segredos bateu recordes de inscritos: foram mais de cem mil. Na semana em que arrancou o novo ano letivo nas universidades portuguesas, foram pouco mais de 42 mil os candidatos ao ensino superior na primeira fase. Que relação há entre estas duas realidades?

"Quem se inscreve na Casa dos Segredos é para se divertir, é uma coisa que dura três meses. Uma pessoa quando se inscreve num curso universitário é algo para uma vida, inscrevem-se para um curso, porque querem mesmo ir. No caso da Casa dos Segredos é uma tentativa. É normal que haja mais inscrições", começa por apontar Teresa Guilherme ao DN, acrescentando: "Não é verdade que quem concorre só quer fama, que não quer fazer nada. Entre os miúdos que concorrem neste ano, muitos têm cursos, outros têm o curso a meio. Há advogados, há engenheiros..."

Gustavo Cardoso, sociólogo, partilha da mesma visão da apresentadora da TVI. "Quem se candidata à Casa dos Segredos fá-lo no sentido de curto prazo, porque sabe que a celebridade pura é efémera - e associada à Casa dos Segredos dura apenas seis meses. Já quem concorre a um curso no ensino superior está a pensar numa distância muito mais longa. E está acima de tudo a desafiar-se a si próprio, que é outra diferença", aponta. "Enquanto no programa o que se faz é valorizar os estereótipos da personalidade, no ensino superior valorizam-se as competências a desenvolver e a aprofundar."

Já o sociólogo Manuel Villaverde Cabral acredita que "em princípio esta é uma correlação negativa", até porque "Uns querem aprender, outros não. Uns têm um mínimo de nível de instrução e querem continuar, quanto mais não seja para arranjar um emprego, e há outros que estão numa de se divertirem ou exibirem. O exibicionismo é uma das características das novas gerações, sobretudo das que não têm níveis de instrução e formas de expressão socioprofissional correspondente. São pessoas que vivem do seu corpo, da sua imagem", destaca. O investigador acredita mesmo que "em princípio esta é uma correlação negativa", explica.

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