Casa do Douro com 30 meses de salário em atraso
Os trabalhadores em causa recusaram prestar declarações e apenas confirmaram que são à volta de 25 pessoas as que não recebem salários há 30 meses.
Entretanto, um vídeo a circular na internet está a chamar a alertar para esta situação.
Intitulado "Mais de 30 meses sem salário... No Douro Património Mundial", o vídeo, editado ao som da música "A mulher da erva", de José Afonso, e tendo como imagem de fundo a fotografia da sede do organismo, faz um apelo a todas as autoridades e diz que o "sacrifício está a ultrapassar o limite do admissível".
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Este trabalho, cuja autoria é desconhecida, foi bem acolhido pelos funcionários da CD.
No mesmo edifício, trabalham cerca de 30 funcionários afetos à função pública que possuem os ordenados em dia.
Sedeada no Peso da Régua, a associação privada de direito público e de inscrição obrigatória vê a sua situação a agravar-se de dia para dia. A dívida ao Estado atinge quase os 120 milhões de euros.
Esta semana, questionada pelos deputados no Parlamento sobre a CD, a ministra da Agricultura, Assunção Cristas, referiu que o Ministério das Finanças está a tratar deste assunto e que, em tempo oportuno, fará chegar à Assembleia da República, uma iniciativa legislativa.
Rui Santos, deputado do PS eleito por Vila Real, lembrou a proposta negocial que o Governo de José Sócrates apresentou à organização representativa da lavoura duriense.
Neste acordo, os socialistas propunham a entrega dos vinhos empenhados da CD ao Estado para a regularização da sua dívida (na altura de 110 milhões de euros) e um adiantamento de 1,3 milhões de euros ao organismo duriense para apoiar no pagamento dos ordenados em atraso.
O acordo nunca foi aprovado pelo Conselho Regional de Vitivinicultores, alegando que este significaria o fim da instituição.
"Passado este tempo, achamos muito estranho que não se tenha continuado a trabalhar naquela proposta, que estava prestes a ser assinada e que merecia a concordância do Governo, que se tenha destruído o que havia e nada mais se tenha construído", afirmou à agência Lusa.
Rui Santos lamentou que, "em 19 meses, nada se tenha feito".
A CD queixa-se da retirada de competências nos últimos anos, como por exemplo o cadastro, que resultaram também na perda de fontes de receita. Em julho, por causa da suspensão do contrato de trabalho por parte de duas trabalhadoras, a organização da lavoura duriense encerrou os serviços de laboratório.
Enquanto a direção da instituição se queixa da "omissão" dos sucessivos governos que "prometeram e nada fizeram", alguns ex-trabalhadores da CD queixam-se da "má gestão da direção" e de "incapacidade negocial".