Casa de mafioso da Camorra recheada com obras de arte das Galerias Uffizi
Egidio Coppola, conhecido como Brutus na Camorra napolitana, é o nome por trás da exposição A Luz Vence a Sombra, que ontem abriu ao público. Membro do clã Casalesi, era o proprietário da casa kitsch em Casal di Principe, nos arredores de Nápoles, que alberga agora oito tesouros das Galerias Uffizi e outras 11 obras de museus italianos. O novo espaço, confiscado pelo estado italiano depois da prisão do capo da Máfia em 2012, é uma homenagem às vítimas do crime organizado. "Com a cultura venceremos a Camorra", afirmou Renato Natale, presidente da câmara, duas semanas antes da inauguração ao público, que aconteceu ontem.
"Exemplo para a Itália inteira", disse o ministro dos Bens Culturais e Turismo do país, Dario Franceschini, na apresentação da exposição que ocupa os dois pisos da villa inspirada pelo filme Scarface onde viveu o boss da Camorra e é hoje um sítio dedicado ao padre Giuseppe Diana, assassinado pela Máfia em 1994 quando se preparava para celebrar uma missa. Chamam-lhe Casa Don Diana.
"A Incredulidade de São Tomás, de Caravaggio" é uma das obras que está na exposição, ao lado San Jerónimo do espanhol José de Ribera, um artista se interessou muito pela obra do pintor italiano. A estátua Mater Matuta, do museu provincial de Capua, dá as boas vindas. Também lá estão Fate Preston, de Andy Warhol (reinterpretando a primeira página do jornal Il Mattino publicado três dias após um terramoto nesta zona), Vanità, de Mattia Preti, Carità, de Luca Giordano ou Santa Caterina d"Alessandria, de Artemisia Gentileschi. Vêm das Galerias Uffizi, em Florença, do Museu de Capua, do Museu Nacional Capodimonte e da Quadreria dei Girolamini, em Nápoles, e Palazzo Real de Caserta. Ficam até 21 de outubro.