Carvalho da Silva colabora em livro de dissidente comunista

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Chama-se Controvérsias à Esquerda e é assinado por Paulo Fidalgo, presidente da Renovação Comunista (RC). Na contra-capa, dois outros ex-militantes do PCP: Carlos Brito e João Semedo. Nomes a que se junta Carvalho da Silva , líder da CGTP e militante comunista - autor do prefácio do livro que, nas palavras de Paulo Fidalgo, visa dar um contributo "para uma reflexão de fundo que os comunistas têm de fazer".

Ao DN, Carvalho da Silva recusou ontem qualquer leitura política desta colaboração, ao lado de nomes destacados da Renovação Comunista (que se demitiram do PCP em ruptura com a orientação do partido), qualificando-a como a resposta a um desafio de um amigo pessoal.

No prefácio, o líder da CGTP afirma que se vivem "tempos de contradições profundas mas também de grandes esperanças". "Precisamos de ser exigentes na observação, na reflexão, na análise e estudo dos problemas."

Quanto às reflexões de Paulo Fidalgo sobre os caminhos do comunismo - nacional e internacional -, Carvalho da Silva não explicita a sua posição. Sublinha porém a "coragem intelectual" do autor na procura de respostas, destacando a exigência de análise que se exige a comunistas e marxistas sobre o "percurso feito".

"Oportunidade histórica"

Já nas bancas, mas com lançamento público marcado para este mês (ainda sem data concreta), Controvérsias à Esquerda surge numa altura em que o PCP prepara o próximo congresso, marcado para o final de Novembro.

Fidalgo não faz uma relação directa: prefere falar numa "coincidência feliz com um momento em que, à esquerda , se faz uma razoavelmente intensa discussão de bastidores" sobre o que deve ser o pensamento e a acção comunista, às portas do ciclo eleitoral de 2009. O actual presidente da RC chama-lhe uma "oportunidade histórica", até porque "a direita parece estar com muitas dificuldades em perfilar-se" como alternativa de governo ao PS. À esquerda há espaço a capitalizar, defende o ex-militante do PCP. Para acrescentar que, saibam os partidos e os movimento de esquerda fazê-lo , e o PS ficará em "sérias dificuldades para renovar a maioria absoluta" ou, no mínimo, prosseguir no caminho actual.

No livro, Paulo Fidalgo relembra o congresso do PCP de 2000 e as "expressões de discórdia quanto ao rumo que o PCP tem levado" - que passaram pelos que "pressentiram a urgência de uma remodelação directiva"; os que reclamaram uma "rectificação da linha e métodos de trabalho"; até aos "poucos" que foram no "temerário sentido de renovar o projecto comunista" . O objectivo da reflexão, conclui, "é de certa maneira ganhar os comunistas para a tarefa de actuar em todos estes domínios".|

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