Carrosséis voltam para casa e pedem desculpa a Lisboa pelo incómodo

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Os empresários dos carrosséis e outros equipamentos de diversão começaram ontem a desmobilizar do Parque Tejo, em Sacavém, onde estavam acampados desde a semana passada. Consideram já poder regressar a casa, porque conseguiram obter algumas cedências que lhes permitem continuar a trabalhar. Hoje vão pedir desculpa a Lisboa pelos incómodos causados com os desfiles de camiões.

Luís Fernandes, presidente da Associação de Proprietários de Equipamentos de Diversão (APED), convocou para amanhã, a partir das 08.30, uma concentração nacional no salão dos Bombeiros de Pedrógão Grande, na área de Leiria, para "dar informações sobre tudo o que se passou nestes últimos dias e explicar o que se deve fazer para agendar as inspecções, obter as certificações e poder trabalhar".

Esta manhã, "com meu camião e mais um ou dois, vamos percorrer Lisboa a pedir desculpa pelo incómodo e dizer que tínhamos razão", adiantou ao DN.

Leonel Antão, presidente da Assembleia Geral da APED, expli-cou ao DN que, com estas acções de protesto e conversações com as entidades envolvidas, "já há luz verde para podermos continuar a trabalhar. Marcamos a inspecção e, até ser realizada, ficamos com uma guia que nos permite ter os equipamentos de diversões a funcionar. E vai haver excepções para os equipamentos mais antigos que não cumprem as novas normas".

Com esta luz verde, foram desmarcadas as manifestações que os feirantes queriam efectuar entre hoje e dia 10 - que não foram autorizadas pelo Governo Civil de Lisboa.

Os empresários do sector consideram avultados os preços das inspecções, "mas isso é outra discussão que será feita mais tarde", referiu Leonel Antão.

Os donos dos carrosséis estão dispostos a entrar numa nova etapa negocial, exigindo ao Governo que baixe os preços das inspecções, previstas com a nova lei, "porque estão bastante inflacionadas" quando comparadas com Espanha (cem euros por ano) e França (360 euros para três anos).

O mínimo a pagar em Portugal rondará os 360 euros para um carrossel infantil, mas se a atracção for familiar ou radical, poderá superar os 720 euros, sem IVA, garantem os empresários.

A agravar a contabilidade dos empresários estão ainda os montantes a pagar pelas deslocações e estadias dos técnicos do Instituto Electrónico Português, com sede no Porto, a única entidade actualmente habilitada a fazer vistorias.

"A partir de 50 quilómetros de distância, já somos nós a pagar. Se houver um carrossel que precise de mais de um dia para ser inspeccionado, teremos ainda de pagar a dormida do técnico no hotel. Isto vai para valores na casa dos 1500 euros", alerta Avelino Onofre, um dos empresários da Margem Sul.

Na sua opinião, os valores de referência deveriam ter em conta os preços de Espanha - cada vistoria anual custa cem euros - ou França - com inspecções de três em três anos, por 360 euros.

Ainda assim, os feirantes não enjeitam a possibilidade de vir a aceitar pagar uma verba única na casa dos 360 euros, embora "já seja o triplo dos outros países", alerta Avelino Onofre. Adianta terem chegado a colocar a hipótese de levar os carrosséis a Badajoz (Espanha) para os inspeccionar, mas esbarraram com as normas portuguesas, que não iriam certificar equipamentos que não fossem inspeccionados em Portugal.

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