Carris denuncia à polícia automobilistas infractores
Conduzir um carro no corredor bus é muito mais rápido do que circular nas vias normais. Estacionar na paragem do eléctrico ou do autocarro também é muito mais fácil do que passar horas à procura de um lugar para arrumar a viatura. E há sempre a esperança de voltar ao "local do crime" antes de chegar a polícia, retirar de lá o carro e livrar--se de qualquer multa ou penalização. Mas isso acabou. Em Lisboa, a Carris passou a denunciar às autoridades policiais os automobilistas infractores que circulam indevidamente nos corredores bus e bloqueiam os transportes públicos.
De facto, José Maia, director de operações da Carris, revelou ao DN que a empresa passou recentemente "a elaborar autos de denúncia para as autoridades policiais executarem depois as respectivas autuações, mesmo quando o automobilista chega antes da polícia ao local onde se encontra em infracção e retira dali o seu carro". Recorda que "até há pouco tempo, os infractores pensavam que, como tinham saído dali antes de chegarem as autoridades, tinham-se livrado de qualquer penalização".
Segundo explicou, "a velocidade dos eléctricos e autocarros tem diminuído, porque cada vez há mais automóveis a circular dentro da cidade de Lisboa, congestionando o trânsito, e carros mal estacionados que impedem a passagem dos transportes públicos rodoviários".
Actualmente, a velocidade comercial dos eléctricos é de dez quilómetros por hora, enquanto a dos autocarros é de 15 quilómetros por hora, referem dados da Carris.
De acordo com José Maia, o autocarro é um modo de transporte "flexível, que se pode adaptar às situações e alterar percursos, evitando ficar bloqueado devido a automóveis mal estacionados. Em alguns casos, pode dar a volta ao quarteirão e ultrapassar o obstáculo. Mas por vezes os autocarros ficam impossibilitados de prosseguir viagem, porque carros parados em curvas apertadas impedem a sua passagem e já não há hipótese de fuga por outro caminho".
"Mais condicionados estão os eléctricos, que não têm forma de se desviar dos obstáculos que surgem ao longo da linha férrea", salienta.
Quando um motorista ou guarda-freio fica bloqueado por um carro mal estacionado, alerta a central da Carris, que depois difunde a informação pelos condutores das carreiras desse percurso para evitarem seguir para o mesmo local e acabarem por ficar também imobilizados.
Estacionados nas paragens
José Maia sublinha que "os autocarros dispõem de novas potencialidades para melhorar o acesso dos utentes, mas muitas vezes não as podem utilizar, porque se deparam com carros estacionados nas paragens".
Como exemplo, frisa que os novos autocarros "têm piso rebaixado e sistema para 'ajoelhar' e ficar ao nível do cais da paragem, mas, como se encontram ali paradas outras viaturas, não é possível fazer uma acostagem correcta à estrutura de tomada e largada de passageiros. E isto acontece com muita frequência". Lembra, a propósito, que, segundo o Código da Estrada, "é proibido estacionar a menos de 25 metros antes da paragem e cinco metros depois".
Além disso, e apesar de terem sido criados vários corredores bus para a exclusiva circulação de transportes públicos, "estas vias continuam a ser indevidamente utilizadas por viaturas particulares", refere.
Na sequência destes problemas, a Carris criou, em 2003, o serviço Vigilantes de Corredores BUS, que começou a funcionar em 2004. É constituído por três pequenas viaturas Smart, que são conduzidas por um controlador de tráfego da Carris. Ao seu lado segue um agente da Polícia Municipal, que se encarrega de executar todos os procedimentos legais quando depara com situações de infracção, explicou José Maia. Estas equipas funcionam todos os dias úteis, entre as 08.00 e as 18.00, patrulhando as zonas consideradas mais problemáticas.
Esclarece que "o objectivo não é punir o infractor, mas tentar evitar as situações que impedem a circulação dos transportes públicos. É uma acção preventiva e educativa".