Carolina e Pinto da Costa lado a lado no... tribunal

O líder dos dragões, Pinto da Costa, e a ex-companheira Carolina Salgado vão, pela primeira vez, encontrar-se após a separação, acusações e desaguisados afins. Será em Gondomar, dia 14, para uma acareação. Onde, certamente, muito se falará de arroz de pato, no restaurante de Valentim<br />
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A contradição dos depoimentos de Pinto da Costa e o da ex-companheira fez com que o procurador pedisse uma acareação entre o presidente portista "e a dona Carolina Salgado". Acontecimento aprazado para as 14 horas do dia 14 do próximo mês.

Não se trata de questões comezinhas. As maratonas mastigantes, ossos do ofício de dirigentes e árbitros continuam a marcar o julgamento. Após a época das lampreias, chegou a vez do arroz de pato no "Degrau Chá", no Porto, de Valentim Loureiro. Nesse comedouro, disse Carolina Salgado na audiência do passado dia 13 de Março, o major, Pinto de Sousa, líder da arbitragem e Pinto da Costa, presidente do FC do Porto, tinham por hábito combinar os nomes de árbitros para os jogos do Gondomar.

Essa, em síntese, a revelação da intitulada "escritora". Ao que a defesa de Pinto de Sousa reagiu, convocando Pinto da Costa. O presidente chegou ao tribunal escudado num guarda-chuva branco com que tentou, em vão, esconder o rosto.

Depois, o intitulado "empresário" prontificou-se a responder. "Nunca!", eis a expressão mais entoada quando lhe perguntaram se alguma vez refeiçoou na companhia de Carolina, Pinto de Sousa e de Valentim. Nomeadamente, no "Degrau Chá".

E, para não pairarem restos de dúvidas, Pinto da Costa concretizou: "Nem nesse restaurante, nem em nenhum. Apenas estivemos juntos na festa dos Dragões, no casino."

Ora, se "nunca" existiram tais convívios, "tudo o que ela (Carolina Salgado) possa ter dito, fosse sobre apanhar o Bin Laden ou combinar nomeação de árbitros, é falso", acrescentou Pinto da Costa. Inclusive, "há quilómetros de fitas gravadas de telefonemas em que nunca a palavra Gondomar consta". E, de novo, o nunca pronunciado: "Nunca vi jogar esse clube e deve ser dos poucos a que o FC do Porto nunca emprestou qualquer jogador."

No entender de Pinto da Costa, 114.ª testemunha deste processo, "é rídiculo" aceitar que Valentim Loureiro "que tinha relações priviligiadas com Pinto de Sousa precisasse de mim para interferir com o Gondomar". Relações priviligiadas?, indagou o juiz. Sim, "foram colegas na direcção do Boavista".

Depoimento findo, preparava-se Pinto da Costa para abandonar a sala, quando o procurador Gonçalo Silva solicitou uma acareação entre o líder do FC do Porto e a ex-companheira, Carolina Salgado, porquanto as declarações de ambos foram "completamente diversas". O advogado de Pinto de Sousa não se opôs.

Saída expedita de Pinto da Costa e a entrada de outras testemu- nhas: Tereza Salgado e Arlinda Rocha, cozinheiras do "Degrau Chá" há cerca de três décadas. Afirmaram que Pinto de Sousa episodicamente frequentava a casa. Pinto da Costa, há muitos anos caprichava em ser um cliente mais assíduo, ladeado pela família. Principalmente à quarta-feira, dia de arroz de pato. "Julgo que já teve três famílias", interpôs o procurador.

Silêncio de ouro e o esclarecimento: "Só o vimos com dona Filomena e a filha, Joana. Nunca com dona Carolina." Espreitando da cozinha, conforme contaram, as cozinheiras juraram não terem vislumbrado Pinto da Costa com a primeira mulher ou com outra senhora.

Bem-humorado, o procurador recordou o período em que o dirigente viveu com Carolina, concluindo, rápido: "Então, durante seis anos ele não comeu arroz de pato!"

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