Carmena e Colau: as promessas ainda por cumprir das alcaldesas

As últimas sondagens mostram que os madrilenos dão 5,9 (em 10 pontos possíveis) a Manuela Carmena, enquanto os barceloneses dão 6,05 ao trabalho de Ada Colau na Câmara
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Ada Colau e Manuela Carmena chegaram ao poder das principais cidades espanholas, Barcelona e Madrid, nas eleições de maio. Colau representou à força mais votada, Barcelona en Comú, mas com uma vitória pela margem mínima, enquanto a candidatura de Carmena, Ahora Madrid, não ganhou e precisou do apoio dos socialistas para ser eleita presidente da Câmara da capital. Com idades e estilos diferentes, as duas representam uma nova forma de fazer política, pouco convencional. Mas muitas das suas promessas eleitorais não passam disso. Segundo as sondagens sobre os primeiros 100 dias de governo, os madrilenos dão 5,9 em 10 à administração de Carmena enquanto os barceloneses dão 6,05 ao trabalho de Ada Colau.

Os primeiros dias no poder não foram fáceis para Carmena, que enfrentou várias polémicas. A primeira, por causa de uns tweets ofensivos lançados há uns anos por alguns dos seus vereadores onde insultavam judeus, políticos e vítimas do terrorismo. Crise que acabou por forçar a saída de Guillermo Zapata, responsável do pelouro da Cultura. Sem esquecer que teve que retificar propostas do seu programa, como a intenção de criar um banco público qualificado pelos peritos de "erro" e "disparate". A autarca acabou por dizer que era só uma sugestão.

O seu programa tinha cinco medidas urgentes eleitas pelas 15 mil pessoas que participaram nas primárias de Ahora Madrid. A que teve mais apoio foi a de travar os despejos e a Câmara já intercedeu em mais de 70 casos. A grande maioria dependia diretamente da Empresa Municipal de Vivenda y Suelo (EMVS) e nas restantes situações a equipa de Manuela Carmena negociou diretamente com os bancos. Outra das promessas foi garantir acesso sanitário a todos, algo impossível porque ser da competência da Comunidade de Madrid.

Já a privatização dos serviços e o plano de inserção laboral dos jovens e desempregados de longa duração, só foi cumprido ema parte. Quanto à quinta medida - garantir luz e água para todos -, a Câmara de Madrid anunciou há dias que vai assumir o pagamento das faturas das famílias mais vulneráveis caso as empresas procedam ao corte do abastecimento. Decisão que ainda não foi executada. "As grandes promessas eleitorais perderam força", afirma ao DN Tatiana García, jornalista do ABC que faz a cobertura da informação de Madrid. "Grande parte da gestão está sujeita a um conteúdo vazio e populista", acrescenta. A equipa de Carmena anunciou, uma hora após se instalar no Palácio Cibeles, a redução dos seus salários para metade mas "é outra promessa que ficou pelo caminho".

O efeito Ada Colau

O arranque no poder de Ada Colau esteve também rodeado de polémica, sobretudo com uma das suas primeiras medidas, uma moratória de um ano na concessão de licenças de alojamentos turísticos. Segundo o sector, esta medida implica a paralisação de 48 novos hotéis. Outra decisão muito criticada foi travar o plano especial para reorganizar a Rambla de Barcelona que levou anos a ser aprovado e será revisto. Durante a campanha Colau anunciou que o seu salário de 109 mil euros brutos por ano ficaria reduzido a 43 mil. Finalmente fixou-se nos 80115 euros anuais.

"Do ponto de vista social Ada Colau anunciou medidas vistosas como os subsídios de refeição nas escolas", explica ao DN Cristina Buesa, jornalista do El Periódico de Catalunya. "A Câmara controla bem estes assuntos, parece que faz muitas coisas". Do ponto de vista económico, "as suas medidas estão a ser criticadas e há setores preocupados", esclarece. Além da moratória aos hotéis, Colau retirou a candidatura de Barcelona aos Jogos Olímpicos de Inverno 2016, não pôr a pista de gelo na Praça Catalunya e adiou as luzes de Natal nas principais ruas da cidade. "Os hotéis e o comércio estão aborrecidos", destaca a jornalista. Rodeada de uma equipa nova e inexperiente, Colau sabe vender bem algumas ideias, como converter a Barcelona em cidade dos refugiados. "Algo que não vai ser ela a decidir, mas sim o Governo central". Para Buesa, a alcaldesa é "um fenómeno com uma boa oratória e capacidade de sedução".

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