Carlos Moura: "Quem governa tem de antecipar medidas para evitar colapsos"

Falências encapotadas no pós-pandemia vão disparar com a guerra e sem novos apoios, alerta presidente da AHRESP, que quer <em>Guia Michelin</em> português
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Temos conhecimento de que muitas margens de negócios são negativas", afirmou ontem Carlos Moura, presidente da Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP). Na tarde em que apresentou o programa do próximo Congresso da associação, o responsável manifestou preocupação com o setor. "Antes da pandemia muitas empresas tinham problemas de tesouraria e já reclamávamos mecanismos de capitalização. Após a covid, e apesar do lay-off e do Programa Apoiar - bons, mas que não chegaram a todos -, os custos da operação dispararam e são hoje tremendos".

O preço das "proteínas já está 30% acima do ano passado, a campanha de batata e dos legumes não vai ser fantástica devido à seca, entre outros fatores. Sem sermos pessimistas, tememos muitas portas encerradas", disse. Perante este cenário, deixa o alerta: "Quem nos governa tem de antecipar medidas para evitar colapsos."

Tema que também inquieta o setor e que será focado no Congresso de 14 e 15 de outubro é a falta de pessoas. "Temos chamado a atenção para isso, mas há decisões que tardam. Não temos gente para trabalhar! E não é verdade que seja uma questão de salários baixos, isso é um equívoco."

Moura recorda que, com a pandemia, "muitos profissionais reconverteram-se, muitos imigrantes voltaram a casa, ao leste da Europa". Por isso, a AHRESP quer "lançar um programa para ir buscar trabalhadores lá fora, mas de forma organizada, com contratos de trabalho de média e longa duração". O presidente confirma que vários restaurantes "já reduziram até a capacidade em sala por falta de trabalhadores. É um problema do país", frisa.

Estes e outros temas vão estar em debate no Congresso, encontro em que a associação quer lançar A Tasca. "Os espanhóis têm La Bodega e os italianos La Trattoria, precisamos de materializar esta identidade única da nossa comida", explica.

A ambição vai mais longe: "Estamos a trabalhar para ter o Guia Michelin português. O que existe hoje é ibérico e subalterniza-nos, temos ter o Guia Michelin Portugal e não o da Ibéria."

O Congresso vai decorrer no Convento de São Francisco, em Coimbra, onde são esperados mil participantes. "A cidade está a virar a página e está no centro dos grandes eventos", sublinha Pedro Machado, presidente da Entidade Regional de Turismo do Centro. E antecipa "a estruturação de novos produtos, do industrial ao ecoturismo". "Ainda em 2022 será lançado o Convention Bureau do Centro, para posicionar Coimbra no ranking das melhores cidades.

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