Carlos Moedas aceite pelo Parlamento Europeu

Carlos Moedas foi aceite, esta segunda-feira, pelo Parlamento Europeu como comissário para a pasta da Investigação, Ciência e Inovação.
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A construção de uma Europa de ciência partilhada e mais igualitária, capaz de gerar inovação, desenvolvimento económico e mais empregos é a missão que Carlos Moedas se propõe levar por diante enquanto comissário para a pasta da Investigação, Inovação e Ciência do próximo executivo comunitário de Jean-Claude Juncker.

Hoje, na audição que prestou na comissão da Indústria, Investigação e Energia (ITRE) do Parlamento Europeu, em Bruxelas, garantiu que é o homem certo para a tarefa. Pela sua formação e convicção europeias - fez questão de mencionar ter sido um dos primeiros estudantes universitários europeus que beneficiou do programa Erasmus - mas também, como disse, por ser um homem que trabalha "em equipa para obter resultados".

Se o seu nome for aprovado pela comissão parlamentar para o cargo, e parece haver indícios disso, Carlos Moedas ficará responsável pela gestão do programa Horizonte 2020, com cerca de 80 mil milhões de euros para o período 2014 e 2020, mas que Conselho europeu pretende cortar já no próximo ano em cerca de 1100 milhões de euros.

Essa foi, aliás, uma das pedras de toque da audição desta manhã. Muitos eurodeputados mostraram-se preocupados com esse corte anunciado e questionaram directamente Carlos Moedas sobre o que tenciona fazer para convencer o Conselho Europeu a recuar nesses cortes. Moedas garantiu que, se for confirmado como comissário, essa será uma das suas "primeiras tarefas", para qual convocou a "colaboração com o Parlamento Europeu".

Entre os eurodeputados da ITRE que não ficaram convencidos, porém, estão os portugueses que a integram, Carlos Zorrinho (PS), João Ferreira (PCP) e Marisa Matias (Bloco de Esquerda), três dos 45 eurodeputados que colocaram questões a Carlos Moedas durante a audição.

Carlos Zorrinho, desde logo, considerou que, embora Carlos Moedas tenha feito uma prestação "positiva", mostrando que "estava bem preparado, não assumiu nenhum compromisso". "Quero acreditar que vai dar apoio ao PE nessa matéria e se assim for, terá o meu apoio", afirmou o eurodeputado socialista.

Em resposta à eurodeputada Marisa Matias, que questionou o facto de Moedas ter apresentado a seu favor a experiência de secretário de Estado-adjunto de Passos Coelho, no acompanhamento do programa de ajustamento financeiro, num período em que "houve cortes drásticos nas verbas públicas para ciência", Moedas invocou o facto de "muitas vezes" ter estado "em desacordo com a troika".

"Bati-me antes pela produtividade, quando a troika quis baixar mais os salários em Portugal", esclareceu depois, aos jornalistas, no final da audição. E sublinhou que "esta não foi a primeira vez que disse que estive em desacordo com troika, Fi-lo anteriormente, numa entrevista ao Dinheiro Vivo".

João Ferreira pôs a tónica no problema de Portugal ser um dos países cuja contribuição para as verbas comunitárias da ciência ser superior aos benefícios que o País daí colheu e não ficou satisfeito com a resposta de Carlos Moedas quanto ao que fará para ajudar a mudar a situação.

À questão, Carlos Moedas respondeu não ter os números, mas mostrou-se convicto de "isso foi assim no passado, mas já não será assim agora". Uma não-resposta para João Ferreira.

No final, Moedas garantiu aos eurodeputados a sua cooperação, a sua "paixão pelo portfolio da ciência europeia", que considera ser o futuro. "Estarei ao serviço da Europa", concluiu.

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