Carlo contra Pep, Vini vs. Haaland. Real e City jogam final antecipada

O Santiago Bernabéu recebe esta noite um jogo de estrelas. Merengues têm a favor a história e experiência na prova; ingleses estão num grande momento e querem o treble.
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Para muitos é a final antecipada da Liga dos Campeões. Real Madrid e Manchester City defrontam-se hoje (20.00, Eleven Sports 1) no Santiago Bernabéu na primeira mão das meias-finais da Champions, num jogo onde vão estar em confronto dois plantéis que juntos valem quase dois mil milhões de euros - a equipa de Guardiola está avaliada em 1,05 mil milhões; a de Ancelotti em 860,8M.

Se a história ditasse o desfecho deste jogo, que será apitado pelo português Artur Soares Dias, o Real ganhava de goleada. Os merengues são a equipa europeia com mais Taças/Liga dos Campeões conquistadas, 14, sete já neste século e a última na época passada. O Manchester City, apesar de ter sido o clube que na última década mais investiu no reforço do plantel, ainda procura o primeiro troféu - e nunca sequer atingiu uma final.

"Medo do Real Madrid? Não devemos temê-los, se eles não tivessem Modric, Kroos, Vinícius, Benzema, não ganhariam nada porque a camisola, por si só, não faz nada. Seríamos estúpidos se não os respeitássemos, mas temos como objetivo vencer", reagiu ontem Bernardo Silva, um dos portugueses do City, onde também atua Rúben Dias.

Em termos de confrontos diretos, as contas até estão equilibradas, com três triunfos para cada lado e dois empates. Mas nas duas vezes que se defrontaram nas meias-finais da prova milionária, o Real saiu vencedor - em 2015-16, após um empate sem golos em Inglaterra, venceu por 1-0 em Madrid; e na época passada voltou a levar a melhor, depois de ter perdido em Manchester por 4-3, venceu no Santiago Bernabéu por 3-1, num jogo com prolongamento.

A partida desta noite, para além de um duelo de estilos entre dois dos maiores treinadores da atualidade (Carlo Ancelotti, que venceu quatro Champions, e Pep Guardiola, duas), terá também um desfile de estrelas no relvado, a começar por Erling Haaland, o gigante norueguês do City, de 22 anos que esta temporada já leva um impressionante registo de 51 golos apontados em 46 jogos.

O Real Madrid também tem bons e sérios argumentos, a começar pelo tridente do ataque composto por Benzema, Vinícius Júnior e Rodrygo, que juntos já apontaram esta época 67 golos.

Ancelotti e Guardiola são dois velhos conhecidos. Apesar da diferença de idades (o italiano tem 63; o espanhol 51), já se defrontaram em oito ocasiões, com o catalão em vantagem no confronto direto - cinco vitórias e três derrotas. Se Pep é mais conhecido pela complexidade tática que fomenta nas suas equipas, Carlo tem um estilo de jogo mais pragmático e é um grande gestor de egos.

A equipa inglesa pode conseguir esta temporada o famoso treble, vencer na mesma época campeonato, taça inglesa e Champions. Para já é líder do campeonato inglês e está na final da prova rainha. Já o Real Madrid acabou de conquistar a Taça de Espanha no fim de semana, mas o campeonato está perdido para o Barcelona, que tem mais 13 pontos nesta altura.

Se durante muitos anos o Real Madrid de Florentino Pérez foi apelidado de equipa de galácticos, à custa dos milhões gastos em grandes nomes do futebol mundial, casos de Figo, Ronaldo (Fenómeno), Zidane, Beckham, Cristiano Ronaldo, Kaká, Bale, entre outros, nos últimos anos existiu uma inversão na política. E o clube passou a pagar (em alguns casos bem) por jovens com grande margem de progressão.

Já o City, suportado pelos milhões do xeque Mansour Bin Zayed Al Nahyan, membro da família real dos Emirados Árabes Unidos que comprou o clube em 2008, tornou-se na equipa a nível mundial que mais dinheiro investiu em reforços na última década. Só desde 2016, coincidindo com a chegada de Pep Guardiola, foram cerca de 1,5 mil milhões de euros.

Ontem, no lançamento do jogo, Ancelotti admitiu que "Haaland é um perigo". Mas não só ele: "O City é uma equipa completa que pratica um futebol de alto nível. Mas trabalhámos para tentar travar uma equipa que parece imparável", disse o técnico italiano.

Já Guardiola recusou vingança pela eliminação na época passada: "Não estamos aqui a pensar em vingança. O nosso pensamento é passar esta eliminatória, mas para isso temos de ser melhores do que o adversário. Para ganhar a Champions temos de vencer as melhores equipas, e o Real é a equipa com mais palmarés nesta competição."
A outra meia-final realiza-se amanhã e vai colocar frente a frente o Inter Milão e o AC Milan de Rafael Leão.

nuno.fernandes@dn.pt

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