Carisma e mistérios da morte de JFK inspiram criadores há décadas

As teorias da conspiração que rodeiam o assassinato do antigo Presidente norte-americano John Fitzgerald Kennedy (JFK) têm sido ao longo dos anos uma fonte de inspiração inesgotável para várias gerações de romancistas, ensaístas e cineastas.
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Nos últimos 50 anos, os acontecimentos ocorridos em Dallas (Texas) a 22 de novembro de 1963 foram revisitados em diversos livros, filmes e séries de televisão.

"JFK e a sua morte prematura é provavelmente um dos maiores mistérios não resolvidos de todos os tempos, é por isso que a história nunca será realmente esquecida, mesmo 50 anos mais tarde", afirmou o especialista em cinema, Jeff Bock, citado por agências internacionais.

Para Shaye Areheart, da Universidade de Columbia, em Nova Iorque, a vida e a morte de JFK, "já relatadas de inúmeras maneiras", vão continuar a ser atrativas para as gerações futuras.

"O facto de ter morrido jovem às mãos de um assassino, antes de ter a oportunidade de cumprir mais de mil dias na presidência, faz dele uma figura infinitamente trágica e romântica. Estas qualidades sempre tiveram uma atração irresistível para biógrafos e leitores", realçou a docente especializada na área de edição de conteúdos.

O charme impetuoso e a fama de "mulherengo" do 35.º Presidente norte-americano também ajudaram a criar um fenómeno da cultura popular.

"A sua vida teve todos os elementos de um filme de Hollywood: jogos de poder, intriga, infidelidade e muitas pessoas bonitas", referiu Jeff Bock, da consultora 'Exhibitor Relations', especializada nas vendas da bilheteira norte-americana.

Apesar da persistente curiosidade sobre a relação de John F. Kennedy com a sua mulher Jackie ou sobre o seu caso amoroso com Marilyn Monroe, foram os contornos misteriosos da morte do jovem Presidente -- atribuída ao atirador solitário Lee Harvey Oswald -, que acabaram por estimular as mentes mais criativas e criar o irresistível mito de JFK.

O realizador norte-americano Oliver Stone, que fez o filme "JFK" (1991) protagonizado por Kevin Costner, salientou que o assunto continua a gerar interesse "porque nunca foi realmente resolvido".

A Comissão Warren, responsável pelo inquérito oficial sobre a morte de JFK, "é um mito na melhor das hipóteses", defendeu Stone.

"Qualquer pessoa inteligente deve fazer perguntas e isso foi feito de forma contínua durante 50 anos", disse o realizador, referindo, por exemplo, que nunca foi esclarecida, de forma satisfatória, a hipótese de existir um segundo atirador.

Em 2012, Stone voltou a abordar a história de Kennedy na série documental "The Untold History of the United States", formato que foi exibido na edição deste ano do Lisbon & Estoril Film Festival.

Para Nelson McCormick, que fez o telefilme "Killing Kennedy" para o canal National Geographic, transmitido no domingo em Portugal, num assassínio "quanto mais investigado (...) mais perguntas surgem do que respostas".

"Enquanto sentirmos o desejo de continuar à procura de novas provas, vão existir novos livros, filmes, documentários e programas de televisão sobre as várias facetas deste período fascinante da história", reforçou.

Com estreia marcada para 21 de novembro em Portugal, o filme "Parkland", do realizador Peter Landesman, volta a reconstituir a morte de Kennedy, desta vez através da equipa médica do Parkland Hospital em Dallas que tentou salvar a vida do Presidente.

"O filme não promete novas revelações. Mas as histórias de conspiração relacionadas com JFK continuam a fascinar os americanos e a encher cadeiras nas salas de cinema", afirmou recentemente Landesman, em declarações à Fox News.

As teorias da conspiração também originaram os mais diversos livros. É o caso da obra "The Dark Side of Camelot" ("A face oculta de Kennedy", título em português) do jornalista norte-americano e prémio Pulitzer Seymour Hersh. Editado em 1997, o livro especula, através de fontes anónimas, sobre a estreia ligação de Kennedy com a máfia.

O próximo grande projeto envolvendo o nome de JFK será a adaptação televisiva da obra "11-22-63" do reconhecido escritor norte-americano do género fantástico Stephen King.

O livro, publicado em 2011, cujos direitos foram comprados pela Warner, descreve uma viagem no tempo para tentar impedir o assassinato do presidente.

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