Caracas vai leiloar 100 milhões de dólares por semana
O vice-presidente venezuelano para a área económica, Rafael Ramírez, anunciou hoje que a partir da próxima quarta-feira a Venezuela leiloará semanalmente a quantia de 100 milhões de dólares norte-americanos, através do Sistema Complementar de Administração de Divisas (Sicad).
"Vamos libertando dólares através do Sicad para setores que nada têm que ver com a alimentação, a saúde e de outros setores que não são prioritários", informou.
Ramírez, que também é ministro de Petróleo e presidente da estatal Petróleos da Venezuela SA, precisou que inicialmente vão ser destinados 5 milhões de dólares norte-americanos para cidadãos locais, para atender a situações de estudos e cursos no estrangeiros e casos de saúde.
O restante, disse, estará destinado a empresas, materiais e produtos relacionados com a época de natal, bebidas, bicicletas, tecnologia, calçado, têxteis e peças para automóveis. Os importadores e cidadãos que pretendam viajar ou estudar no estrangeiro devem submeter o pedido à Comissão de Administração de Divisas que analisará cada caso e concederá as divisas segundo a legislação vigente.
"Cada semana anunciaremos quais os setores que poderão participar", afirmou.
Por outro lado, Ramírez precisou que o Governo venezuelano prevê "derrotar" o mercado paralelo de divisas, em que a cotação do dólar norte-americano supera até sete vezes o valor oficial de 6,30 bolívares.
"Vamos eliminar da nossa economia esse elemento perturbador", disse.
Na Venezuela está vigente, desde 2003, um sistema de controlo cambial que impede a livre obtenção de moeda estrangeira no país.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) advertiu hoje para a necessidade de a Venezuela fazer algumas correções a crescentes "desequilíbrios", que fazem com que a atual situação económica "não seja sustentável".
A advertência foi feita por Alejandro Werner, diretor do Departamento do Hemisfério Ocidental do FMI, sublinhando que aquele organismo "partilha a visão generalizada entre os observadores internacionais de que a situação é cada dia mais complicada".
"Vemos que os desequilíbrios macroeconómicos na Venezuela são cada vez maiores, a inflação subiu muito, as diferenças entre o tipo de câmbio (cotação oficial e paralela do dólar) são muito altas e os indicadores de escassez são muito relevantes e agudizaram-se", descreveu.