Canoagem/Mundiais: Assalto no Brasil 'devolveu' técnico Rui Fernandes à seleção de Portugal

Rui Fernandes treinava os caiaques masculinos do Brasil quando foi vítima de um assalto à mão armada, um incidente com a família que derivou em depressão e regresso a Portugal, onde recentemente voltou à seleção e canoagem.
Publicado a
Atualizado a

"Foi uma experiência muito traumática. Durante este ano sofri as consequências com crises de pânico. Andei a ser acompanhado por especialista de psiquiatria e a tomar medicação forte para poder ultrapassar estes momentos menos bons", contou o antigo atleta olímpico em Barcelona1992 e Atlanta1996.

Em declarações à Lusa, o técnico nacional, de 47 anos, que assumiu funções apenas em julho, recorda setembro de 2017 quando foi ao banco levantar dinheiro para trazer para Portugal e pagar várias despesas em Curitiba, onde residia.

"Levantei uma quantia bastante alta. Com certeza que a informação partiu de dentro do banco para uma quadrilha que lá fora esperava alguém que saísse com muito dinheiro, como eu. A 500 ou 1.000 metros do banco, fomos abordados por duas pessoas a conduzir motas. Apontaram uma arma à minha cabeça, outra à da minha mulher, grávida, e nem a minha filha de sete anos escapou", recorda.

Quatro horas depois, estava no hospital com a mulher para o nascimento do filho António, amntes do regresso a Portugal.

"Decidi que não voltaria ao Brasil. Estava deprimido. A federação brasileira também perdeu o principal patrocinador, o que complicaria a minha continuidade. Fiquei cá em Portugal à espera de poder retomar a minha vida de sempre", relatou.

A normalidade surgiu no início de julho quando recebeu um telefonema dos responsáveis da federação portuguesa para liderar os caiaques masculinos, regressando assim à equipa nacional que acompanhou de 2005 a 2013, como braço direito do então selecionador Ryszard Hoppe.

"Nem hesitei. Foi o convite certo na hora exata. Já tinha saudades do meu cronómetro e de estar em contacto com os atletas. Estou muito agradecido aos dirigentes e aos canoístas que têm revelado um espírito espetacular comigo", assumiu o técnico da Vila de Prado.

Rui Fernandes encontrou um grupo "ansioso por mudança, mas com a mesma vontade de sempre para trabalhar e evoluir", pelo que acredita poder apurar o K4 500 para Tóquio2020, atualmente tripulado por João Ribeiro, Emanuel Silva, David Varela e Messias Batista.

"O nosso foco está todo aí. Temos um barco com imenso potencial e com atletas mais do que determinados a vencer o desafio. Acredito, sinceramente, que vamos estar em Tóquio202", concluiu.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt