Candidatos a melhor filme não são grandes êxitos de bilheteira

Publicado a
Atualizado a

O colunista cultural americano Frank Rich escrevia este semana no The New York Times "A soma das receitas de bilheteira dos cinco nomeados para melhor filme é tão pequena que o seu nicho colectivo no mercado cultural nacional se situa algures entre a square dance e a não ficção de John Grisham."

Rich estava a exagerar por razões satíricas, mas a verdade é que há muito que os cinco candidatos ao Óscar de Melhor Filme - Ray, de Taylor Hackford, Million Dollar Baby, de Clint Eastwood, O Aviador, de Martin Scorsese, À Procura da Terra do Nunca, de Marc Forster, e Sideways, de Alexander Payne, neste caso - não tinham bilheteiras tão minguadas. Nem sequer O Aviador, o mais lucrativo de todos até à data, conseguiu ainda atingir a soma-referência de 100 milhões de dólares (tinha 89 milhões na quinta-feira).

Basta recordar que o grande vencedor do ano passado, O Senhor dos Anéis O Regresso do Rei, chegou ao dia da cerimónia já com o estatuto de blockbuster, e a caminho de se tornar num dos filmes mais lucrativos da história do cinema.

Segundo números citados pela bbcnews, este quinteto de filmes é o menos popular dos últimos 20 anos nos EUA. As realizações de Eastwood, Scorsese, Payne, Hackford e Forster foram vistas por menos 50 por cento de pessoas do que os cinco candidatos a melhor filme nos últimos anos 51 milhões de contra uma média de entre 100 e 118 milhões. A última vez que os nomeados para Melhor Filme interessaram tão poucos espectadores nos EUA foi em 1984. (Curiosamente, duas das maiores máquinas de fazer dinheiro de 2004 estão na categoria de Melhor Longa-Metragem Animada: Shrek 2 e Os Super-Heróis.)

Os responsáveis da Academia e da estação ABC, que transmite os Óscares, temem que este fenómeno se vá repercutir nas audiências desta madrugada. "Menos gente a olhar para a tela traduz-se em menos gente a olhar para o ecrã", resumiu Paul Dergarabedian, analista da indústria cinematográfica.

O primeiro sinal de alarme foi dado pela transmissão da entrega dos Globos de Ouro, cuja audiência caiu 40 por cento este ano. Por isso, as novidades no anúncio e na entrega das estatuetas (na plateia ou com os cinco nomeados no palco à espera do vencedor) poderão ajudar a atrair mais espectadores. Juntamente com a expectativa de Chris Rock, o novo e atrevido apresentador, cometer algum excesso verbal - mesmo tendo em conta o puritano delay (atraso) técnico de cinco segundos entre a imagem directa e a recebida em casa.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt