Candidato mais gastador abre Liga mais poupada dos últimos 11 anos

Jorge Jesus foi o treinador que recebeu mais reforços para a nova época mas é também o que parte mais pressionado na luta pelo título de campeão nacional
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Contenção pode rimar com ambição? Em época de estreia do videoárbitro, de corrida por um histórico penta do Benfica (ou pelo fim do jejum portista ou sportinguista) e de redução das vagas europeias, inicia-se a I Liga mais "poupadinha" dos últimos 11 anos. O Sporting, único dos três candidatos ao título que investiu em força no mercado de verão - ainda ontem chegou, da Croácia, o anúncio de mais um reforço: o lateral Ristovski -, dá hoje o pontapé de saída no campeonato, visitando o regressado Desportivo das Aves (18.00, Sport TV1).


Não se via uma I Liga tão pouco gastadora precisamente desde a última presença do Aves no escalão maior do futebol português - 2006--07, quando só se gastaram 21,65 milhões de euros no defeso. Onze épocas depois, o emblema avense está de regresso, junto com o Portimonense, para encontrar um campeonato em contraciclo: este verão, os clubes da I Liga só gastaram 36,44 milhões de euros em compras, um valor bem distante dos 98,62 milhões da época passada e do recorde de 114,13 em 2011-12 (o site Transfermarkt eleva para 56,44 milhões o investimento desta época, mas contabiliza os 20 milhões que o FC Porto pagou por Óliver em fevereiro passado).


Ontem confirmado leão pelo presidente do Rijeka, Ristovski não altera este estatuto: valor não foi anunciado, mas será de 2,5 milhões.


O Sporting - que se reforçou ainda com Acuña, Bruno Fernandes, Battaglia, Piccini, Matheus, Doumbia e Fábio Coentrão, entre outros - foi a exceção à regra, num defeso em que Benfica (Ederson, Nélson Semedo e Lindelöf) e FC Porto (Rúben Neves e André Silva) preferiram vender - os portistas estavam mesmo obrigados a isso, para respeitar os princípios de fair play financeiro impostas pela UEFA. Águias (destaca-se Seferovic, vindo a custo zero) e dragões (sobressaíram Ricardo Pereira e Aboubakar, regressados de empréstimo) pouco gastaram. Mas, após meses de contenção, nenhum dos plantéis está fechado e qualquer conclusão pode ser precipitada: esperam-se reforços na Luz e no Dragão (se houver mais encaixes para os cofres azuis e brancos...) e William e Adrien Silva ainda podem deixar Alvalade, até 31 de agosto.


A tendência do mercado não é uniforme para os três "grandes" como não foi homogénea a pré--época dos três candidatos ao título. O Sporting esteve irregular, o Benfica surpreendeu pela fragilidade defensiva e só o FC Porto mostrou uma máquina oleada, principalmente no ataque. A forma como Sérgio Conceição poderá ou não devolver a chama ao dragão - e construir um candidato ao título quase exclusivamente com jogadores que já pertenciam ao clube - é um dos grandes pontos de interrogação.


No fundo, é uma dúvida tão grande como as que pairam sobre a capacidade de regeneração do plantel benfiquista, após tanta saída de vulto; sobre a reinvenção da equipa sportinguista, agora com muito mais experiência em campo e opções no banco; e sobre o real impacto da utilização de videoárbitro no futebol nacional. A tecnologia será usada em todos os jogos da I Liga, tornando Portugal um dos países pioneiros deste sistema.


Mas nem todas as novas são boas para a autoestima nacional. Fruto das más campanhas europeias das últimas épocas, nesta edição da Liga só campeão e vice vão à Champions e só 3.º e 4.º têm lugar na Liga Europa (mais o vencedor da Taça de Portugal). Ou seja, vida mais complicada para Sp. Braga, V. Guimarães, Marítimo e eventuais challengers, como Rio Ave e Chaves. E pelo menos um dos três grandes vai ficar sem os milhões da Liga dos Campeões. Nesse caso, talvez o melhor remédio seja mesmo a contenção.

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