Cancro da próstata revela-se na urina

Um grupo de cientistas norte-americanos identificou uma molécula que poderá levar ao desenvolvimento de um simples teste de urina capaz de distinguir um cancro da próstata de crescimento lento de um tumor mais agressivo, que requer tratamento imediato. A descoberta é revelada na edição de hoje da revista Nature.
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Um grupo de cientistas norte-americanos identificou uma molécula que poderá levar ao desenvolvimento de um simples teste de urina capaz de distinguir um cancro da próstata de crescimento lento de um tumor mais agressivo, que requer tratamento imediato. A descoberta é revelada na edição de hoje da revista Nature.

"Um dos maiores desafios que enfrentamos no cancro da próstata é determinar se o cancro é agressivo. Acabamos por tratar em excesso os pacientes porque não sabemos que tumores são de crescimento lento. Com este estudo, identificámos um marcador potencial para os tumores agressivos", indicou o principal autor da investigação, o professor Arul Chinnaiyan, da Universidade do Michigan.

O desenvolvimento de um teste simples e barato poderá revelar aos doentes a quem foi diagnosticado cancro da próstata se a doença é ou não mortal, exigindo para tal tratamento imediato. Há pacientes com tumores benignos que acabam por morrer de outra doença porque estes se desenvolvem muito lentamente. Os cientistas alertam contudo para o facto de ainda serem necessários mais estudos antes destes testes estarem disponíveis, dentro de três a cinco anos.

A descoberta agora revelada partiu da análise de 1126 moléculas produzidas pelo corpo (num total de 262 amostras de tecido, sangue e urina), tendo os cientistas descoberto as dez que estavam presentes em maior quantidade. Uma delas destacava-se de todas as outras e foi por isso analisada com maior pormenor: a sarcosina.

Os níveis da sarcosina (derivada do aminoácido glicina) eram elevados em 79% das amostras de cancro da próstata com metástases e em 42% dos cancros ainda na fase inicial. Nas amostras livres de cancro, esta molécula não estava sequer presente, revelaram os cientistas. Isto levou os investigadores a concluir que a sarcosina pode ser um melhor indicador do avanço da doença do que a tradicional forma de rastreio, o antigénio específico da próstata (ou PSA).

Além disso, e uma vez que a adição de sarcosina a células de cancro da próstata benignas as transformou em invasivas, os cientistas acreditam que esta molécula pode ser um alvo para o desenvolvimento de futuros tratamentos. "Esta é a molécula que as células cancerígenas utilizam quando se querem espalhar. Se descobrirmos que está envolvida nas metástases de outros cancros, então esta descoberta pode ser enorme", indicou Christopher Beecher, co-autor do estudo, citado pelo site do The Guardian.

"Ainda é cedo para dizer se os resultados deste estudo são um beco sem saída ou um grande avanço, mas até agora são promissores para que a pesquisa continue", disse John Neate, da Prostate Cancer Charity, ao The Times.

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