Campeão luta pelas faixas até ao final
O FC Porto chegava a Vila do Conde com uma certeza. Uma vitória sua impedia a Superliga de conhecer ontem um novo campeão, saído do derby entre os seus rivais lisboetas, independentemente do resultado na Luz. A uma equipa marcada por sucessivas desilusões de uma época traumatizante exigia--se, portanto, um último assomo de orgulho que permitisse defender as faixas de campeão até ao último segundo. E o FC Porto cumpriu. Tornou-se o primeiro grande a ganhar no Estádio dos Arcos esta época, saiu de lá ainda com hipóteses matemáticas de lutar pelo título.
A motivação de um Rio Ave descontraído e em dia de homenagear despedidas (Carlos Brito vai para o Bessa e dá lugar a António Sousa no banco, o lateral Miguelito sai para o Nacional, o capitão Gama arruma as botas no final da época) funcionou apenas durante dez minutos, período que levou o meio campo portista - ontem reforçado por Couceiro com os regressos de Maniche e Costinha ao onze dois dias depois de terem sido vendidos ao Dínamo Moscovo - a descobrir a rota das linhas de passe dos homens de Carlos Brito. A partir de então, o jogo foi tocado sempre ao ritmo do futebol azul e branco lento. Mas o factor principal de risco para os portistas estava controlado - o contra-ataque do Rio Ave só voltaria a aparecer uma vez em toda a primeira parte, num descida de Miguelito, que voltou a evidenciar o papel de Baía na sobrevivência das esperanças do FC Porto esta época.
Aparte este incómodo, a bola andou sempre perto da área de Mora. Mas levou 29 minutos até o FC Porto conseguir isolar McCarthy perante a baliza num lance bem produzido. Antes disso, só de bola parada a formação de Couceiro ameaçara o golo. Por quatro vezes - Costinha e Postiga aos 10', McCarthy aos 16 e aos 20.
No período em que a ansiedade ameaçava começar a exercer influência, já na segunda metade, o capitão Jorge Costa chamou a si o assomo de orgulho reclamado aos portistas, pegou na bola e descobriu o espaço por onde correu McCarthy para abrir o caminho da vitória. Um golpe que os vila-condenses veriam redobrar pouco depois, com a lesão de Mora num lance com Postiga, o que obrigou Carlos Brito a "queimar" uma subs- tituição. A perder, o Rio Ave continuou uma pálida sombra da equipa que deslumbrou esta Superliga com o seu bom futebol. O FC Porto, de moral reforçada, descobriu mais espaços para chegar à baliza agora de Candeias. Como aquele que Diego brilhantemente revelou com um passe para o golo com que Leandro pôs fim ao jogo.