Camisola do primeiro golo de Pelé no Mundial de 58 gera polémica
Brasileira jura que tem a original. Italiano vende camisola do mesmo jogo
Cinquenta anos depois de o Brasil se ter sagrado campeão do mundo pela primeira vez, no Mundial da Suécia de 1958, estalou a polémica no Brasil, quando duas pessoas afirmam ter a mesma camisola que foi usada por Pelé no jogo contra o País de Gales.
Dalva Lazaroni, professora brasileira, guarda a camisola que teria sido usada pelo "Rei" nesse jogo, quando Pelé fez o seu primeiro golo em campeonatos do mundo. A peça, autografada por vários jogadores e integrantes da comissão técnica da selecção brasileira em 1958, foi adquirida por Dalva num leilão realizado em Março de 2002, no Rio de Janeiro. A camisola pertencia a uma funcionária da CBF (Confederação Brasileira de Desportos, antecessora da CBF, Confederação Brasileira de Futebol), da época do Mundial de 58, que disse ter sido o próprio Pelé, então com 17 anos, a oferecer-lha.
"Esta camisola é património nacional. Decidi entrar no leilão para evitar que ela saísse daqui, pois havia um grupo de europeus que a queria", disse Dalva, que pagou 22 115 reais (8737 euros) pela peça de vestuário há seis anos.
Tudo seria simples se a história fosse só esta. Mas não é. E o problema até nem nasceu no Brasil. Foi na Europa, mais propriamente em Itália. Um coleccionador chamado Roberto Cannavo afirma também ter a camisola usada por Pelé nesse jogo e resolveu aproveitar as bodas de ouro da vitória do Brasil no Mundial para leiloar o objecto.
O italiano diz que a camisola pertencia ao galês Derek Sullivan que a teria trocado com Pelé após a partida em Gotemburgo.
As camisolas de Dalva e Roberto têm diferenças significativas. A camisola de Dalva tem o número (10) verde, enquanto a do italiano tem o número azul. As etiquetas também são diferentes. A "brasileira" é da marca Ceppo, a "italiana" é da Athleta. Além de detalhes diversos no escudo da CBD e na gola. A seu favor, Roberto tem 800 elogios no site de leilões e garante que a peça é original. Dalva, o facto de numa conversa com Pelé ele ter dito que se lembrava de ter dado a camisola a uma funcionária da CBD, e as lembranças de alguns campeões de 58.
O ex-ponta-de-lança Pepe, que actuava no Santos de Pelé, guardou uma camisola da época, que reforça a tese de que a camisola original é a de Dalva: o número 22 que está nas costas é verde. Marcelo Neves, filho do guarda-redes Gilmar, afirmou que a camisola do seu pai era da marca Ceppo, mas o equipamento de treino era Athleta.
Dalva Lazaroni não tem dúvidas e admite ceder a peça a exposições. Desde que não aconteça como à taça de 58, roubada da CBF em 1983.|