Caminho da costa para Santiago tem nova face

Dez municípios criaram uma identidade comum do Porto até Santiago de Compostela. Esperam agora que os outros caminhos nacionais possam seguir o exemplo
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O Caminho Português de Santiago, em todas as suas rotas, foi percorrido em 2016 por mais de 52 mil pessoas, mais 48% do que quatro anos antes. Agora, o Caminho Português da Costa, que liga o Porto a Valença, afirma-se como uma variante do caminho central, pelo interior, e apresenta-se com cara nova, após o projeto de financiado em dois milhões de euros por fundos comunitários do programa Norte2020. São dez municípios (Porto, Matosinhos, Maia, Vila do Conde, Póvoa de Varzim, Esposende, Viana do Castelo, Caminha, Vila Nova de Cerveira e Valença),agregados numa rede comum, em que a imagem a sinalética, os albergues e a informação digital (site, app e guia) surgem harmonizados.

Os dez municípios que integram este projeto apresentaram ontem a nova identidade, que já é possível conhecer através do site www.caminhoportuguesdacosta. com, e desafiam o Ministério da Cultura a harmonizar as várias rotas dos caminhos portugueses da mesma maneira. "Agora, gostaríamos que este processo fosse mais alargado a todo o país e estou certo que o ministro da Cultura será sensível a esse desafio que os municípios lhe fazem", afirmou José Maria Costa, presidente da Câmara de Viana do Castelo. Odiretor regional de Cultura do Norte, António Ponte, referiu que "outros caminhos terão de ser valorizados da mesma forma".

Pedro Brochado, da Câmara de Vila do Conde e representante do grupo de trabalho que encetou este projeto, referiu ao DN que o "objetivo não é funcionar em competição com outros caminhos", como central, que também parte do Porto e passa pela maioria destes concelhos mas pelo interior, sendo até mais percorrido. A lógica é de "diversificação da oferta", com "benefícios comuns". Este responsável indicou que no caminho da costa encontraram 48 diferentes formas de sinalética, agora todas uniformizadas. No caminho central serão muitas mais.

O Porto é o local de partida e Rui Moreira anunciou um novo espaço para os caminheiros na cidade. Será na capela seiscentista de Nossa Senhora das Verdades, monumento desativado ao culto religioso no centro histórico do Porto, e que será um centro de acolhimento para os peregrinos. "Foi a importância patrimonial deste imóvel e a sua localização privilegiada na proximidade da Sé do Porto que nos fez escolhê-lo para o início desta viagem, que liga os dez municípios e nos leva para Santiago", disse.

A maioria dos caminheiros é estrangeira, em 2016 as principais nacionalidades foram a espanhola (44,71%), italiana (8,62%) e alemã (7,64%), de diferentes idades e com repartição equivalente entre sexos.

No dia em que o calendário católico assinala com Dia de Santiago, o bispo do Porto, D. António Francisco dos Santos, lembrou não serem caminhos apenas percorridos pelos crentes. "As pessoas visitam-se a elas próprias. Só cada um sabe os motivos que leva a iniciar a caminhada."

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