Câmara de Silves quer embargar alta tensão

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A Câmara de Silves prepara-se para embargar as obras da linha de alta tensão quando estas começarem, apurou ontem o DN. Uma reunião entre responsáveis da Rede Eléctrica Nacional (REN) e os órgãos autárquicos, no dia 26 de Abril poderá resolver o diferendo.

Um mês depois de um primeiro protesto, perto de cem moradores de várias aldeias do concelho de Silves voltaram a sair à rua, ontem à tarde, para protestar contra o traçado sul da linha aérea dupla de Alta Tensão designada Portimão/Tunes 3, pretendido pela REN.

Já está montado um estaleiro, em Silves, para o início das obras. A linha terá 27,3 quilómetros e 79 apoios com torres de 80 metros de altura.

Uma providência cautelar nos tribunais e uma queixa na União Europeia serão algumas das iniciativas previstas, enquanto os lesados admitem manifestações junto ao Governo Civil de Faro e em Silves. "Bastaria à REN desviar a linha cinco quilómetros a norte, onde só há mato", disse ao DN Sérgio Santos.

"Alta tensão aqui não", "Alta tensão por cima da nossa cabeça, não" foram alguns dos slogans nos cartazes. Uma criança segurava um cartaz com a frase "REN Alta Tensão vai destruir as nossas vidas". Nesta manifestação até houve teatro. Um jovem a caminhar sobre andas queimou um pano no qual se podia ler "REN". "Não é uma ameaça à REN. É só o que não queremos para a nossa saúde", disse o rapaz, alertando para o risco de leucemia . Apesar de o projecto ter estado em consulta pública, os moradores lesados garantem que não souberam de nada.

"Só há três dias me apercebi que a linha ia atravessar o meu terreno durante uma passagem dos técnicos para a marcação dos locais das torres. É inacreditável. Nestes casos, até compreendo que haja indivíduos a recorrer à violência", disse ao DN Jaime Fernandes, que já investiu 300 mil euros num projecto de turismo rural que pode não sair do papel.

Segundo alegam os moradores, a linha irá afectar a saúde pública ao passar junto a moradias, nalguns casos a uma distância de 20 metros, inviabilizar projectos de turismo rural e destruir menires. Desta vez, o sítio dos Gregórios, perto de Vale Fuzeiros, foi local escolhido para a manifestação, que juntou apenas cerca de metade das pessoas da anterior. "Comodismo" de muitos dos 500 moradores (sobretudo idosos) das zonas afectadas e falta de transporte para se deslocarem à zona de difícil acesso foram as razões invocadas pelos promotores da acção. |

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