Câmara de Espinho diz que Governo está a deixar centro hospitalar em "estado vegetativo"
Para Joaquim Pinto Moreira, é "inaceitável a situação a que o Governo deixou chegar o CHVNGE", que serve uma área de influência de 700.000 utentes e que, apesar das já antigas reivindicações da comunidade quanto à necessidade de serem corrigidas as suas fragilidades infraestruturais e de recursos humanos, ficou "fora dos 10 hospitais contemplados com 90 milhões de euros" de investimento.
"A situação é mesmo dramática e está a agudizar-se, porque as críticas que nos chegam de dentro e fora do hospital são cada vez mais", declara Pinto Moreira à Lusa.
O autarca realça, aliás, que já há muito solicitou uma audiência com a ministra da Saúde para debater o problema e que esse pedido ficou "sem resposta até hoje".
"Parece que há forças ocultas e movidas por interesses insondáveis que pretendem desvalorizar e secundarizar o Centro Hospitalar de Gaia e Espinho", defende.
Um dos aspetos críticos é que, segundo o autarca, o conselho de administração do CHVNGE devia ser composto por cinco responsáveis e "só tem três em exercício de funções e com mandato até ao final do ano", o que gera "inoperância, desalento e elevada preocupação".
Para Pinto Moreira, "é incompreensível e inaceitável a manutenção desta situação", que demonstra "manifesta incapacidade da ministra da Saúde em proceder à nomeação de um novo conselho de administração devidamente capacitado para o exercício".
O presidente da Câmara de Espinho nota ainda que há serviços como o de Enfermagem "a funcionar nos limites e com as mais graves carências", o que vem obrigando "ao cancelamento de tempos operatórios em Neurocirurgia, Urologia, Otorrinolaringologia e Cirurgia Plástica e Reconstrutiva, entre outras especialidades".
Antecipando igualmente "a perspetiva do fecho de camas nos internamentos, já 'per si' diminutas", Pinto Moreira realça que "a delapidação constante de recursos humanos e de instalações impede que o Serviço Farmacêutico funcione 24 horas por dia", o que levou a responsável por essa valência a renunciar ao cargo, dado todos os seus "esforços, avisos e tentativas de alerta para a gravidade do problema".
O autarca de Espinho também lamenta constatar que "ninguém consegue explicar o ponto de situação da obra iniciada e a Fase C do Hospital", pelo que apela "ao Primeiro-ministro, ao ministro das Finanças e à ministra da Saúde para que olhem para o CHVNGE como um hospital indispensável para 700 mil pessoas a sul do Douro".
Contactado pela Lusa, o Ministério da Saúde não comenta a alegada indisponibilidade para uma audiência com a autarquia de Espinho nem o mencionado "cancelamento de tempos operatórios", mas afirma que o conselho de administração do CHVNGE "encontra-se em processo de substituição".
Quanto à referida falta de investimento, contrapõe que esse centro hospitalar "tem em curso um plano de reabilitação integrado que, definido em 2013 e no valor de aproximadamente 60 milhões de euros, prevê três fases" e se propõe "centralizar serviços, organizar o Hospital Eduardo Santos Silva [em Gaia] de modo a possibilitar a ligação entre os seus três pavilhões principais e ainda qualificar e redimensionar alguns serviços, nomeadamente o de Urgência".
Relativamente à primeira etapa da obra, informa: "No valor de cerca de 13 milhões de euros (com IVA incluído), está concluída. Trata-se da construção de um novo edifício hospitalar, incluindo a sua ligação aos pavilhões, o acabamento parcial do serviço de radiologia e a aquisição de alguns equipamentos".
Já o segundo momento da empreitada, "em execução", conta com "investimento estimado e autorizado no valor de aproximadamente 16 milhões de euros, prevendo-se a conclusão total dessa intervenção no início de 2020", quando se der por terminada a construção da nova Urgência, de uma unidade de internamento com 25 camas e do já adiantado serviço de radiologia.
Quanto à terceira etapa do processo (a Fase C a que se refere Pinto Moreira), o Ministério revela: "Iniciou os procedimentos previstos na lei para autorização do investimento".