Calçada portuguesa vai desaparecer da zona antiga de Campolide

Moradores do bairro lisboeta foram a votos: 61,5% quiseram segurança de um piso contínuo e apenas 38,5% preferiram manter a tradição.
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A Junta de Freguesia de Campolide, Lisboa, vai substituir a calçada portuguesa por um piso contínuo, na sequência de uma votação dos moradores que deu preferência à segurança em desfavor da tradição, disse hoje à Lusa o presidente.

De acordo com André Couto, o resultado da votação, que decorreu quarta e quinta-feira, mostrou que A Junta de Freguesia de Campolide, Lisboa, vai substituir a calçada portuguesa por um piso contínuo, na sequência de uma votação dos moradores que deu preferência à segurança em desfavor da tradição, disse hoje à Lusa o presidente.

De acordo com André Couto, o resultado da votação, que decorreu quarta e quinta-feira, mostrou que "61,5% [dos moradores deram preferência] à segurança e 38,5% à tradição".

Dos cerca de 15 mil recenseados em Campolide, apenas 349 votaram, número que o presidente da junta explicou com o facto de o tema não interessar à maioria dos residentes da freguesia.

As alterações "não abrangiam a freguesia inteira, mas a parte da zona antiga", onde as ruas ainda têm calçada portuguesa e se punha a questão de optar entre segurança e tradição.

André Couto adiantou ainda à Lusa que as obras de substituição do pavimento começarão este ano e que o objetivo é as ruas principais estejam prontas antes de 2016.

"Isto não é fazer uma substituição global do piso" da freguesia, acrescentou André Couto, mas "fazer uma substituição nas zonas 'quentes' para proteção das pessoas e para diminuir os problemas de sinistralidade que [essas ruas] têm causado", sobretudo nas "zonas com maior desgaste e onde circula mais gente".

Lembrando que os moradores da área mais antiga da freguesia "têm uma média de idades superior a 65 anos", o presidente da Junta adiantou que a opção pelo piso contínuo, "sem a questão das oscilações", irá reduzir "o número de acidentes que acontecem a quem circula pelos passeios".

André Couto referiu que Campolide tem 300 mil euros para reabilitação dos seus passeios pedonais, assegurando que esse valor é suficiente.

A manutenção da calçada portuguesa é uma questão que divide a população do concelho de Lisboa.

Numa ronda por zonas históricas da capital, a Lusa ouviu alguns moradores e comerciantes defenderem a calçada portuguesa, sobretudo onde o piso é plano, como no Rossio, no Terreiro do Paço e na Rua Augusta.

Os moradores e comerciantes apelaram, no entanto, se arranje "alguns sítios estragados".

"Não há qualquer tipo de dificuldade de movimento" na calçada portuguesa, defendeu Américo Meira, morador na zona do Rossio, acrescentando que a calçada tem, "em termos culturais e de originalidade à escala do mundo, um valor próprio".

Já nas zonas inclinadas da cidade, como a Sé e a Rua da Misericórdia, as opiniões divergem.

"Há mais dificuldade de circulação e de acessibilidades, sobretudo quando chove", criticou uma comerciante local em declarações à Lusa.

Também para o morador da Sé Armindo Antunes, de 80 anos, é preferível o "alcatrão ao empedrado", já que a calçada "é uma situação perigosa" e o piso corrido facilita a circulação a pé uma vez que "dá melhor andamento".

A substituição da calçada em Campolide deverá ser seguida por outras freguesias, como admitiu o presidente da Junta de Santa Maria Maior, onde se situa o Rossio e a baixa lisboeta.

"Tudo o que é pedra e prejudica a circulação das pessoas, principalmente pessoas de idade, [deve ser] substituído por um piso mais seguro e que possibilite uma boa mobilidade", afirmou à Lusa Miguel Coelho.

Posição também vereador da câmara de Lisboa, João Afonso, que tem o pelouro dos Direitos Sociais mas que é arquiteto de formação.

"A estratégia da câmara é a manter a calçada artística e [optar pela] reparação nos casos em que é necessário", disse à Lusa, acrescentando que a autarquia vai estudar "a substituição [da calçada] por pavimentos circuláveis de maior mobilidade, onde tal também seja possível e oportuno".

e 38,5% à tradição".

Dos cerca de 15 mil recenseados em Campolide, apenas 349 votaram, número que o presidente da junta explicou com o facto de o tema não interessar à maioria dos residentes da freguesia.

As alterações "não abrangiam a freguesia inteira, mas a parte da zona antiga", onde as ruas ainda têm calçada portuguesa e se punha a questão de optar entre segurança e tradição.

André Couto adiantou ainda à Lusa que as obras de substituição do pavimento começarão este ano e que o objetivo é as ruas principais estejam prontas antes de 2016.

"Isto não é fazer uma substituição global do piso" da freguesia, acrescentou André Couto, mas "fazer uma substituição nas zonas 'quentes' para proteção das pessoas e para diminuir os problemas de sinistralidade que [essas ruas] têm causado", sobretudo nas "zonas com maior desgaste e onde circula mais gente".

Lembrando que os moradores da área mais antiga da freguesia "têm uma média de idades superior a 65 anos", o presidente da Junta adiantou que a opção pelo piso contínuo, "sem a questão das oscilações", irá reduzir "o número de acidentes que acontecem a quem circula pelos passeios".

André Couto referiu que Campolide tem 300 mil euros para reabilitação dos seus passeios pedonais, assegurando que esse valor é suficiente.

A manutenção da calçada portuguesa é uma questão que divide a população do concelho de Lisboa.

Numa ronda por zonas históricas da capital, a Lusa ouviu alguns moradores e comerciantes defenderem a calçada portuguesa, sobretudo onde o piso é plano, como no Rossio, no Terreiro do Paço e na Rua Augusta.

Os moradores e comerciantes apelaram, no entanto, se arranje "alguns sítios estragados".

"Não há qualquer tipo de dificuldade de movimento" na calçada portuguesa, defendeu Américo Meira, morador na zona do Rossio, acrescentando que a calçada tem, "em termos culturais e de originalidade à escala do mundo, um valor próprio".

Já nas zonas inclinadas da cidade, como a Sé e a Rua da Misericórdia, as opiniões divergem.

"Há mais dificuldade de circulação e de acessibilidades, sobretudo quando chove", criticou uma comerciante local em declarações à Lusa.

Também para o morador da Sé Armindo Antunes, de 80 anos, é preferível o "alcatrão ao empedrado", já que a calçada "é uma situação perigosa" e o piso corrido facilita a circulação a pé uma vez que "dá melhor andamento".

A substituição da calçada em Campolide deverá ser seguida por outras freguesias, como admitiu o presidente da Junta de Santa Maria Maior, onde se situa o Rossio e a baixa lisboeta.

"Tudo o que é pedra e prejudica a circulação das pessoas, principalmente pessoas de idade, [deve ser] substituído por um piso mais seguro e que possibilite uma boa mobilidade", afirmou à Lusa Miguel Coelho.

Posição também vereador da câmara de Lisboa, João Afonso, que tem o pelouro dos Direitos Sociais mas que é arquiteto de formação.

"A estratégia da câmara é a manter a calçada artística e [optar pela] reparação nos casos em que é necessário", disse à Lusa, acrescentando que a autarquia vai estudar "a substituição [da calçada] por pavimentos circuláveis de maior mobilidade, onde tal também seja possível e oportuno".

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