Café aumenta, preço da bica não

Preço da bica não deverá subir apesar do aumento do custo do café, diz o presidente da AHRESP, em reacção à decisão da Delta, a empresa líder de mercado, de passar a vender o seu café 1% mais caro a partir de hoje.
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A bica ou o cimbalino não vão subir de preço, continuando a custar, em média, 55 cêntimos, apesar do agravamento do custo comercial do café, afirmou ao DN o presidente da Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP), Mário Gonçalves.

A Delta, a empresa que detém 34% do mercado em Portugal, anunciou que, a partir de hoje, passará a vender os seus cafés 1% mais caros. Mas Mário Gonçalves garante que "a grande maioria dos empresários não vai aumentar o preço da bica" e preferirá, tendo em atenção a crise económica em que se vive, absorver o impacto desse aumento.

"Vivemos um período de cri- se, não é possível fazer crescer as vendas, por isso, a grande maio- ria dos empresários não irá aumentar o preço do café. A opção é, sim, apertar ainda mais as margens de comercialização do produto, num sector onde os ganhos já estão mais do que esmagados", referiu.

Convencido de que a decisão da Delta depressa será imitada pelas outras marcas, o presidente da AHRESP, que no mês passado voltou a ser eleito para o cargo, em que está há 33 anos, salientou que dada a conjuntura, aos empresários só resta manter os preços para evitar perder clientes.

Na sua perspectiva, os consumidores portugueses continuam a pagar as bicas a um "preço social": "Portugal é o país com o café [expresso] mais barato de toda a Europa, sendo o segundo a Macedónia, onde o café custa um euro", adiantou.

"É um preço social. O preço justo não seria 55 cêntimos, mas pelo menos um euro", garantiu. A discrepância entre aquele que deveria ser o preço certo e o praticado é a razão pela qual "já não existem estabelecimentos que consigam sobreviver a vender só cafés".

O DN tentou falar com algumas das principais empresas de comercialização de café em Portugal - Nestlé (Nespresso, Buondi, Sical), Nutricafés (Chave d'Ouro, Nicola) Segafredo Zanetti - para tentar saber se também elas iriam aumentar os preços dos seus produtos tendo em atenção a subida de 11% no preço dos grãos de café no mercado internacional desde o princípio do ano.

Infelizmente, de todas elas, apenas o grupo José Maria Viei- ra (Torrié) respondeu às nossas questões. A empresa "resol- veu encaixar" o "aumento significativo do preço do grão verde de café" e não rever o valor de venda dos seus produtos, referiu o seu director de marketing, Pedro Guerreiro.

A empresa, que detém uma quota de mercado a rondar os 6,5%, já anteriormente tinha feito ajustes nos preços, tendo em atenção a subida extraordinária do café nas bolsas mundiais, no ano passado.

O café atingiu o seu máximo em Fevereiro de 2008, quando foi negociado a quase 1,39 dólares por libra-peso, depois dos 0,99 centavos de dólar de Abril de 2007, de acordo com os dados da Organização Internacional do Café (OIC). Desta vez, o aumento não foi tão acentuado, fechando o mês de Abril acima de 1,11 dólares por libra-peso.

"Não vamos subir o preço do café", afirmou Pedro Guerreiro, porque "sabemos que é muito importante não provocar uma retracção ainda maior do consumo". A Torrié prefere "absorver" ela próprio o agravamento dos preços do grão verde.

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