Cada vez mais armas apesar das exigências da lei

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Em Portugal estão actualmente registados mais de 1,4 milhões de armas, mais 92 mil do que no ano passado, de acordo com os dados da PSP. Este número (1 401 507) engloba todas as classes de armas - caça, defesa, desporto, coleccionismo entre outras - sendo que mais de metade dos registos pertencem a caçadores e as restantes a outros civis e entidades em exercício de cargos públicos.

"Isso não quer dizer que existam 700 mil caçadores em Portugal", explica ao DN Arménio Lança, presidente da Confederação Nacional de Caçadores. "Em Portugal existem aproximadamente 290 mil cidadãos com carta de caçador mas o número de licenças de caça vendidas todos os anos é inferior. O que acontece é que os caçadores gostam de ter duas ou mais armas, para diferentes tipos de caça." De acordo com o dirigente desta confederação, que representa 180 mil sócios de todo o país, apesar das exigências introduzidas na legislação que entrou em vigor em Agosto do ano passado, os caçadores não têm tido "muitos problemas" para obter a licença de uso de arma: "Tem havido algumas recusas mas para as armas de defesa", revela.

Para se ter carta de caçador é preciso realizar um exame teórico e prático (há dois anos a taxa de reprovações era da ordem dos 65% mas tem vindo a diminuir) e, depois, para ter licença de porte e uso de arma ainda é necessária uma formação prática. "É importante assegurar que as armas sejam usadas em condições de segurança, com regras e cuidados. Mas parece-nos que o problema não se coloca em relação às armas legais, que estão todas referenciadas. O problema são as armas ilegais, isso é que tem de ser combatido", considera Arménio Lança. Este responsável critica a "burocracia tremenda" que os caçadores têm de enfrentar e espera que a informatização dos registos das armas, em curso, permita agilizar os procedimentos, para que os caçadores "não sejam tratados como potenciais transgressores".

Quem também não poupa críticas à legislação em vigor são os vários vendedores de armas: "Com a entrada em vigor da nova legislação, a venda de armas baixou em cerca de 90% e a das munições em cerca de 70%", afirmou à Lusa Paulo Inácio, responsável da Expo-Armeiros Comércio de Armas e Munições. Um outro armeiro, contactado pela Lusa e que pediu o anonimato, considera que apenas 5% dos estabelecimentos que vendem legalmente armas em Portugal estão de acordo com as exigências legais e prevê que "60% das espingardarias vão ser obrigadas a fechar no próximo ano."

É que, além de aumentar as exigências a quem detém armas e de dificultar a obtenção ou renovação da licença de uso e porte de arma, também alterou o estatuto e regras das actividades aplicáveis aos armeiros. O novo diploma estabelece, por exemplo, que os armeiros possuam alvará autorizado pela PSP, à qual terão de reportar toda a venda de armas e munições, bem como estipula a adopção de dispendiosas exigências de segurança nos estabelecimentos, como a instalação de sistema de vigilância, portas blindadas e vitrinas à prova de bala. | Com Lusa

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