Cada idoso custa aos lares entre 750 e 1200 euros

Publicado a
Atualizado a

Estudo. Misericórdias querem renegociar comparticipação do Estado por utente

Encargos atingem mais 300 euros do que valor de referência do Governo

Quanta custa um idoso num lar? Ao contrário do valor de referência em vigor, de 756 euros - proposto pelo Governo no verão passado - as instituições de solidariedade dizem que o custo real é muito superior. Segundo um estudo agora levado a cabo pela União das Misericórdias Portuguesas, a cujas conclusões o DN teve acesso, o custo técnico de um idoso internado oscila entre um mínimo de 756, para os moderadamente dependentes, e os 1200 euros mensais, para os mais dependentes.

Com base nestes valores, as instituições querem renegociar com o Estado as comparticipações da Segurança Social, que, neste momento, rondam os 340 euros por utente. "Queremos ver se conseguimos renegociar os valores do ano passado, que não se adequam à realidade", disse ao DN o provedor da Santa Casa da Misericórdia de Reguengos de Monsaraz, António Galante.

Contactado pelo DN, o presidente do Instituto da Solidariedade e Segurança Social, Edmundo Martinho, disse estranhar as reivindicações das instituições, que "ainda no ano passado acordaram aquele valor com o Governo".

As misericórdias, instituições particulares de solidariedade social e mutualidades assinaram um protocolo de financiamento com o ministro do Trabalho e da Solidariedade no verão passado, tendo aceite os valores de referência propostos pelo Governo, porque na altura não dispunham de "estudos para contrapor", disse o provedor António Galante, no que foi acompanhado pelo responsável jurídico da União das Misericórdias, Carlos Trindade. Este responsável acrescentou ao DN que "se não fossem os donativos de beneméritos, provavelmente as misericórdias não conseguiriam oferecer estes serviços coma mesma qualidade e conforto".

A desadequação do real custo técnico de um idoso à tabela em vigor é também denunciada pelo cónego Crespo, do Centro Paroquial São Vicente de Paulo, em Lisboa. "Todos já chegámos à conclusão de que estes custos que foram assinados estão muito abaixo do que deviam, o que dificulta a sobrevivência das instituições", disse ao DN o cónego Crespo.

Justamente para tentar garantir a sobrevivência dos lares e, ao mesmo tempo, responsabilizar as famílias, as regras de pagamento foram alteradas. Mas o novo modelo tem dificuldades de aplicação.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt