Cabra vem, cabra vai

Extinta em Portugal durante um século, a cabra-montês conseguiu voltar ao Gerês na viragem do milénio e, desde então, a população não para de crescer. Mas o animal continua a ser um dos troféus mais valiosos do mundo e, quando um grupo de caçadores veio dizer que era tempo de voltar a caçá-lo - como acontece na Espanha -, o verniz estalou. O futuro caprino, visto dos penhascos.
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Tac. Tac. Tac. Tac. Estão ali dois machos de cabra-montês a lutar pela dominância da manada e o embate duro dos chifres ecoa pela Mata de Cabril, o vale mais escarpado da serra Amarela, a 33 quilómetros de Ponte da Barca, no Parque Nacional da Peneda-Gerês (PNPG). Os bichos não estão visíveis, mas aquelas pancadas, secas e abafadas, são tão fortes que ressoam por toda a montanha. Tac. Tac. Tac. Tac. A percussão dura largos minutos e depois o barulho cessa. A única coisa que se escuta agora é o vento, que sopra gelado e implacável, não tardará muito para chegar a neve.

De repente, por detrás de um rochedo de granito, aparece um bode. É um espécime magnífico, imponente, de cornadura longa e orgulhosa. Mesmo estando a pouco mais de cem metros de distância, põe-se a fitar os humanos sem medo. Atrás dele assomam entretanto outros machos e, timidamente, algumas fêmeas. Às tantas o grupo engrossa, já há cabras-monteses de todas as idades, umas boas dezenas delas. «Não é difícil perceber porque é que há tanta gente a querer caçar este animal», diz então Carlos Pontes, o ambientalista que nos guiou até aqui. «É tão belo, e tão raro, que conseguir um troféu destes é uma tentação.»

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