Cabo Verde quer elevar Tarrafal a Património Mundial

A ideia foi transmitida pelo ministro da Cultura de Cabo Verde, que admitiu a necessidade de "tirar conotações políticas" do Campo de Concentração utilizado pelo Governo português no Estado Novo
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Abraão Vicente, ministro da Cultura de Cabo Verde, disse esta terça-feira que o Campo de Concentração do Tarrafal, utilizado pelo Governo português do Estado Novo como prisão política, tem "todas as condições" para ser Património Mundial, mas considerou que é preciso "tirar as conotações políticas" do monumento.

"É preciso conceptualizar bem para não sermos superficiais no momento de apresentarmos uma candidatura a património da humanidade. Acredito que tem todas as condições para ser Património Mundial, mas colocar em cima da mesa todas as evidências, tirar as conotações políticas que podem haver, mas sermos rigorosos no momento de contar a história", afirmou o ministro.

Abraão Vicente falava aos jornalistas durante uma visita ao Campo de Concentração do Tarrafal de Santiago, cuja candidatura a Património Mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) deverá ser apresentada no próximo ano, num processo em que Cabo Verde quer mobilizar a Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP).

Durante a visita, o ministro das Cultura e das Indústrias Criativas cabo-verdiano constatou in loco a primeira fase de reabilitação do Museu da Resistência do antigo Campo de Concentração do Tarrafal, enquadrada no projeto Museus de Cabo Verde.

Os trabalhos estão a ser realizados por técnicos do Instituto do Património Cultural (IPC), que vão implementar a nova proposta museológica e museográfica para o espaço.

Segundo o ministro Abraão Vicente, o projeto museológico vai permitir aos cabo-verdianos e aos turistas terem uma referência do período histórico em que foi fundado o campo de concentração do Tarrafal de Santiago.

O governante sublinhou também a importância das famílias que vivem no espaço, dizendo que há necessidade de ter um plano estratégico, mas também emocional para o seu realojamento e integração num plano de gestão futura do monumento.

O campo do Tarrafal, inaugurado em outubro de 1936, foi inspirado nos campos de concentração nazis, e nele morreram 32 presos políticos portugueses e dezenas de outros oriundos das então colónias de Portugal.

O monumento, que já é Património Cultural Nacional, consta da lista indicativa a Património Mundial da Unesco desde 2003.

Além do Campo do Tarrafal, o projeto Museus de Cabo Verde prevê, numa primeira fase, a reabilitação e redefinição museológica e museográfica de mais quatro estruturas: Museu do Sal (ilha do Sal), Museu da Pesca (São Nicolau), Museu do Mar (ilha de São Vicente) e o Museu da Tabanca (ilha de Santiago).

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