Cabo Verde faz recriação histórica para para promover Cidade Velha

Cabo Verde vai fazer uma recriação histórica da Cidade Velha, num evento medieval que pretende trazer ao presente as memórias do passado, valorizar o legado cultural e promover o berço da cabo-verdianidade.
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Denominada de "Viagem pela História", a recreação histórica de Cabo Verde é uma iniciativa do Ministério da Cultura e das Indústrias Criativas, cuja primeira edição vai acontecer entre os dias 28 e 30 de setembro, na Fortaleza Real de São Filipe.

Nesta primeira edição, os acontecimentos históricos a serem recriados serão o ataque de piratas (militar), a chegada de jesuítas (religioso) e a fuga de escravos (escravatura).

Três diretores artísticos cabo-verdianos - Gil Moreira, Kwame Gamal e Manu Preto - vão ser os recriadores/encenadores, que nos próximos dois meses vão ensaiar os acontecimentos com a comunidade local.

Sob o tema "No berço da crioulização", a primeira recriação histórica de Cabo Verde está orçada em cerca de 15 milhões de escudos cabo-verdianos (136 mil euros), segundo o ministro da Cultura, Abraão Vicente, para quem este é um dos projetos "mais ambiciosos" do seu Ministério.

Além da parte científica, histórica e de investigação, o ministro indicou que a recriação envolve também várias atividades económicas e de conhecimento da história, em que toda a comunidade e todos os bairros locais vão participar.

"O principal objetivo é conseguir passar a história real da Cidade Velha", afirmou Abraão Vicente, que destacou o facto de todos os artistas e figurantes envolvidos serem remunerados, num evento que, disse, "foi pensado com alma" e que poderá ser uma "mina de ouro" do turismo.

O ministro da Cultura afirmou que o projeto é do seu Ministério, mas adiantou que depois será devolvido à Câmara Municipal, para que possa criar uma dinâmica e fazer com que o evento seja semanal e ser uma "grande oportunidade" para turismo na Cidade Velha.

No seu discurso, Abraão Vicente referiu que o maior impacto que se espera do projeto dentro de quatro ou cinco anos é a requalificação da zona histórica da Cidade Velha, a primeira cidade construída pelos portugueses na África Ocidental.

O governante salientou o envolvimento de todos os produtores culturais, turísticos, gastronómicos e embaixadas, para a realização de várias atividades durante a recriação histórica que pretende valorizar o legado histórico-cultural e promover da Cidade Velha.

Para o presidente da autarquia da Ribeira Grande de Santiago, Manuel de Pina, é um "momento histórico", que marca o início de uma "grande caminhada" e uma "reviravolta" na dinâmica de desenvolvimento da Cidade Velha.

O autarca disse que os residentes da Cidade Velha têm na recriação histórica uma oportunidade de mudar a sua vida, através de um projeto que acredita será um grande produto turístico e cultural do berço da cabo-verdianidade.

Um dos figurantes será Francisco Moreira, que apelou à comunidade local para agarrar esta oportunidade "com tudo", considerando que, para ter impacto, o projeto só pode ser realizado por pessoas da Ribeira Grande de Santiago.

A Cidade Velha é o principal destino turístico-cultural da ilha de Santiago e o terceiro local mais visitado a nível nacional, por cerca de 100 mil pessoas anualmente, na sua maioria estrangeiras.

Mas, no ano passado, o chefe de Estado cabo-verdiano, Jorge Carlos Fonseca, disse o país e a comunidade local têm tirado pouco partido do título de Património Mundial da Humanidade conferido pela UNIESCO em junho 2009, considerando ser importante envolver a comunidade local no processo de reconhecimento simbólico da riqueza patrimonial.

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