Cabeças frescas
O corpo pode não responder como antes, mas isso não significa que a cabeça lhe siga o exemplo. Uma coisa é o desgaste físico, inevitável com a passagem dos anos, outra, bem diferente, a capacidade de relacionamento ativo com o mundo. Escute os cientistas: envelhecer não é sinónimo de ferrugem intelectual. Por muito que custe a acreditar, sobretudo a quem luta contra frequentes lapsos de memória, o cérebro não seca com a idade, ajusta-se, diminuindo umas zonas para permitir o desenvolvimento de outras que, devidamente estimuladas, trazem o aprofundamento de habilidades. Por isso, os investigadores avisam que manter a cabeça a trabalhar é um dos melhores métodos para garantir uma mente fresca, resistente a doenças como o Alzheimer e à prova das novas gerações.
«Tal como os músculos, também as células cinzentas precisam de um constante treino para se manterem em forma. Caso contrário, os talentos e capacidades que não cultivamos acabam por definhar e morrer», alerta o físico alemão Stefan Klein no livro A Fórmula da Felicidade, sublinhando que «o cérebro é plástico, podendo, como tal, modificar-se, mesmo em idade avançada».
Ao contrário do que se pensa, treinar os neurónios não é complicado. Basta manter viva a curiosidade pelo que acontece à sua volta, não desistir de aprender e colocar desafios ao conhecimento. Atividades como viajar, ler ou descobrir uma nova área de interesse fazem maravilhas pela destreza intelectual. Se precisar de motivação, para, por exemplo, explorar as novas tecnologias, procure-a nos seus netos, que puxarão por si como o mais exigente professor. E lembre-se que os especialistas em neurociências falam também dos benefícios de jogos simples, como palavras cruzadas, sudoku ou xadrez, ou de aprender uma nova língua ou instrumento musical. Parece-lhe demasiado? «O ditado "burro velho não aprende línguas" muito raramente é válido em toda a sua expressão radical», garante Stefan Klein, dizendo que se é verdade que a melhor altura para iniciar-nos num idioma estrangeiro é na infância também é possível «aprender francês, árabe ou até mesmo chinês com uma idade avançada».
Apesar de essencial, esta ginástica mental não chega para manter a velhice cognitiva à distância. Confirmando que corpo e mente estão em intercâmbio constante, vários estudos, como os publicados nas revistas científicas Frontiers in Aging Neuroscience e Mayo Clinic Proceedings, têm demonstrado que o exercício físico, além de reduzir o risco de doenças como a diabetes, a osteoporose, certos tipos de cancro e problemas cardiovasculares, ajuda também a atenuar a perda das capacidades intelectuais. E os cientistas são claros: basta uma simples caminhada regular para retardar a demência senil.
Para melhores resultados, junte companhia e sol a esta receita antiferrugem. É que o convívio social e a vitamina D, produzida pelo organismo pela exposição aos raios solares, também mostram poder antienvelhecimento intelectual. Cada um à sua maneira, dizem os especialistas, ajuda a travar o declínio cognitivo, estimulando a atividade de um cérebro em mudança. E qual é o avô que não quer uma cabeça fresca quando o assunto são os netos?
Mente mais jovem com...
_Vitaminas B: essenciais à saúde do cérebro, ao desempenho intelectual, à memória e à prevenção de doenças degenerativas. São oito e encontra-as numa alimentação variada. Por exemplo, o ácido fólico nos vegetais e legumes verdes, e a B12 nos produtos lácteos, peixe e carne.
_Antioxidantes: neutralizam os radicais livres que deterioram as células, dando origem, por exemplo, ao Alzheimer. As vitaminas C e E são poderosos antioxidantes, disponíveis nas laranjas, kiwis, agriões, espinafres ou frutos secos e azeites vegetais. Depois há também os polifenóis dos frutos vermelhos, romã, tomate e pimento vermelho.
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