Longe da azáfama dos grandes centros urbanos, os burros de raça mirandesa encontraram numa pequena aldeia do concelho de Miranda do Douro o local ideal para passar a sua velhice. Longe vão os tempos em que o auge da sua energia era aplicado para ajudar os donos nos trabalhos do campo. Agora, com cerca de 20 anos, já não apresentam o rendimento de outrora e, em muitos casos, os donos também já têm idade avançada e preferem entregar o animal a alguém que cuide dele..Em Duas Igrejas, a Associação para o Estudo e Protecção do Gado Asinino (AEPGA) improvisou um centro de acolhimento para estes animais de forma a evitar o "comércio ilegal" de burros e eventuais maus tratos que possam vir a sofrer. É num terreno com dois hectares, alugado a um habitante da localidade, que se situa este lar da terceira idade para burros..São 28 animais os que ali têm uma vida de lorde, já que apenas comem, bebem e passam o tempo nas pastagens. São provenientes sobretudo da região, mas também de Foz Côa. "Muitos deles quando chegam até nós estão numa condição deplorável" conta Miguel Nóvoa da AEPGA. .São, por isso, sujeitos a um tratamento veterinário e a um complemento nutritivo, para recuperarem. Palha e aveia com grão é a base da alimentação fornecida duas vezes por dia pelos técnicos da associação. .É nestes momentos que os mais vorazes ainda guardam alguma energia para aplicar uns "coices" aos companheiros na disputa pela refeição, enquanto outros "precisam de um empurrãozito para se levantar"..Neste lar, todos os burros têm nome e "alguns deles foram baptizados por nós", explica Joana Braga, uma das técnicas. "E são facilmente identificáveis por características físicas que os distinguem", acrescenta. .Por ali já passaram cerca de uma centena de burros, dos quais 30 foram enviados para outro lar no sul da Espanha, pois o espaço "começa a tornar-se pequeno para tantas solicitações". A AEPGA está a ser apoiada pela The Donkey Santuary, uma associação inglesa que também trabalha nesta área.