Bundesbank deita gasolina na fogueira

Presidente do banco central alemão disse que o fundo de FMI/UE deve ser reforçado, caso não chegue para travar a especulação.
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Portugal é referido como a próxima vítima dos "mercados", mas a parada continua a subir, havendo quem insista que Espanha, a quarta maior economia da Zona Euro, também corre o risco de capitular e recorrer ao socorro do FMI/UE. Ambos os países continuavam ontem sob forte pressão, com as taxas de juro da dívida pública a vencer sucessivos máximos.

Ontem, surgiram várias informações a apontar para um eventual reforço desse fundo de emergência de modo a impressionar os mercados e a terminar com os ataques ao euro.

A pressão financeira  sobre Portugal e Espanha, fruto de um ataque especulativo sem precedentes contra a moeda única, continua a motivar as declarações mais inesperadas de líderes europeus.

Axel Weber, o presidente do banco central alemão, Bundesbank, deixou cair uma bomba nos mercados da dívida pública e no colo dos políticos, ao levantar a hipótese de que o fundo de ajuda de FMI/UE poderá ter de ser reforçado: "750 mil milhões de euros deveriam ser suficientes para tranquilizar os mercados." "Senão, terão de ser aumentados", concluiu Weber quarta-feira, num jantar em Paris, citado pela Bloomberg.

Segundo a mesma agência, Weber insistiu na ideia hoje, dizendo em Berlim que, no pior dos cenários, o fundo precisaria de mais 140 mil milhões de euros.
A ideia de reforço das verbas para salvar países da insolvência acabou por ser ainda mais amplificada com uma notícia publicada no The Wall Street Journal, que deu conta de uma recomendação (informal) a circular na Comissão Europeia para a duplicação da participação da Europa no mecanismo de salvamento. Actualmente, os europeus têm cerca de 440 mil milhões no fundo (quase 60% do total), cabendo o resto ao FMI.

Bruxelas desmentiu categoricamente essa notícia, mas vários analistas consideram que o fundo de ajuda deve mesmo ser reforçado para acalmar os investidores.

O eventual resgate de Espanha será um duro golpe para todo o projecto europeu, ferindo também a Alemanha. E o valor do actual fundo pode nem chegar. L. R. R.

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