O decreto aguardava aprovação há mais de um ano e meio, desde que João Soares abandonou a pasta da Cultura, e vem reforçar o processo de candidatura da Mata do Buçaco a Património Mundial da Unesco, apresentada em 2016.."Esta decisão do Conselho de Ministros vem corrigir um erro grave que tardava em ser corrigido e fazer finalmente justiça a um espaço majestoso e imponente, de rara beleza, único no país", disse à Lusa o presidente da Câmara Municipal da Mealhada, Rui Marqueiro, o principal impulsionador da candidatura do Buçaco..O autarca sublinha que "uma Mata Nacional que guarda nos seus 105 hectares de área murada um património de incomensurável importância histórica, cultural, ambiental, religiosa e militar, não podia continuar a ser apenas um Imóvel de Interesse Público, como era desde 1943"..Rui Marqueiro, que também é membro do Conselho Consultivo da Fundação Mata do Buçaco, diz que "valeram a pena as sucessivas reivindicações da Câmara Municipal da Mealhada e da Fundação Mata do Buçaco", liderada por António Gravato.."Andávamos há imenso tempo a fazer um trabalho de 'diplomacia' silenciosa, discreta, mas insistente, no sentido de sensibilizar o Governo para a urgência em retificar este erro grave que persistia sem qualquer justificação. Nunca nos resignámos. Nos últimos tempos fomos ainda mais determinados nas reivindicações. E isso deu frutos. Finalmente ouviram os nossos protestos", afirma Marqueiro..Pelo seu lado, António Gravato considera decisão do Conselho de Ministros como "uma prenda de Natal", acrescentando que "fica mais facilitado o caminho para candidatura em curso a Património Mundial da UNESCO"..O Responsável da Fundação diz ainda que com o estatuto de Monumento Nacional, a Mata do Buçaco ficará em "condições mais favoráveis para apresentar candidaturas a apoios comunitários"..Neste momento, a Fundação tem em curso obras de recuperação do Convento de Santa Cruz e das Capelas dos Passos e Via-Sacra no Buçaco, um investimento de 800 mil euros..Com uma duração prevista de nove meses, as obras são cofinanciadas em 85% por fundos comunitários e decorrem sob a orientação da Direção Regional de Cultura do Centro, com quem a autarquia celebrou um contrato que lhe garante a condição de "dono da obra".."É uma empreitada fundamental, que não teria sido possível sem o esforço do município e que será o primeiro passo para o projeto mais alargado de recuperação de todo o património edificado existente dentro do recinto da Mata", disse à Lusa o presidente da Fundação Mata do Buçaco, António Gravato..Dentro dos 105 hectares de mata existem 140 edifícios, muitos deles de interesse histórico reconhecido, como é o caso do Convento de Santa Cruz ou o Palace Hotel do Buçaco, instalado desde 1917 num pavilhão de caça dos últimos reis de Portugal.