Brinquedos e decorações lideram prendas no sapatinho
Céu Neves
Os artigos de decoração estão a conquistar clientes nas compras de Natal. As vendas de bebidas, chocolates, livros, discos, jogos electrónicos e roupa também sobem, mas continuam a ser os brinquedos os grandes responsáveis pelo aumento de negócio na época natalícia. Neste segmento, as novas tendências têm uma vertente didáctica e multimedia, como os jogos com CD-ROM, CD, DVD e MP3.
O interesse crescente pelos produtos interactivos e multimedia, dos quais fazem parte os Tomagoshi e os conjuntos de karaoke, revelam a aposta da tecnologia nos artigos lúdicos e de lazer. Já a escolha dos brinquedos tradicionais, filmes e jogos é ditada pelos anúncios ou séries da televisão, como os desenhos animados. Também os artigos publicitados nos folhetos dos estabelecimentos estão em primeiro lugar na lista de vendas.
Os centros comerciais e os hipermercados acabam por ser um bom barómetro do que se passa com as compras deste Natal. Não só vendem diferentes tipos de produtos como representam 66,7% do total de vendas, segundo dados de 2000 do Observatório do Comércio.
Brinquedos, brinquedos e brinquedos ocupam os primeiros três lugares no campeonato de vendas dos hipers. É o caso do Carrefour, que espera, no mínimo, duplicar o volume de negócios neste Natal. Esta é a altura em que as diversões para os mais novos representam dez por cento das cobranças nesta grande superfície e cinco vezes as vendas destes artigos nos restantes meses do ano. Este Natal aumentaram o investimento realizado em 2004, sobretudo no sector de brinquedos, lazer (livros, CD, jogos electrónicos), artigos de decoração e bebidas. Aliás, segundo Costa Gomes, responsável pela área não alimentar do Carrefour de Telheiras, é cada vez maior o espaço dedicados aos objectos e utensílios para o lar. E, neste campo, há um leque variado de produtos, bem como de preços.
Apesar de os portugueses terem a intenção de gastar menos dinheiro nesta quadra (ver inquérito), os responsáveis pelo mercado das grandes superfícies pensam aumentar o volume de vendas. Mais 6%, segundo Rosário Pinto, da direcção de marketing do Continente.
Mas, por enquanto, as compras de Natal estão a meio gás. É a partir desta semana que as vendas aumentam substancialmente, pelo menos é esta a expectativa dos comerciantes que o DN contactou. Os consumidores que já compraram os presentes dizem querer evitar confusões e o desgosto de verem os artigos esgotados.
Uma máquina registadora, a cozinha Smoby, a Pipinha, as brincadeiras do Noddy e um estojo de maquilhagem são os brinquedos que Emília Tavares, 59 anos, empregada de balcão, comprou para a neta de três anos. Gastou cerca de 120 euros, mas explica que as crianças são as grandes beneficiadas nesta quadra. Na sua lista, ainda falta o computador do Noddy, esgotado no hiper onde se encontra. Com três filhos, de 14, 16 e 18 anos, Ana Gomes, directora de recursos humanos, recorre aos supermercados para as prendas de crianças mais novas, em geral os filhos dos amigos. E, para estes, as compras estão praticamente feitas. Para os adolescentes prefere os estabelecimentos de venda de livros, discos e DVD ou os centros comerciais, para a compra de roupas, que não podem faltar no sapatinho.
Estratégia. Para contrariar a tendência dos portugueses para fazerem compras de última hora, os empresários iniciaram as campanhas de Natal no início de Novembro. Os responsáveis pelo Continente dizem que foi um êxito a redução de 50% no custo dos brinquedos no segundo fim-de-semana de Novembro, enquanto o Carrefour foi um dos primeiros a lançar o folheto em que se apresenta como o "mais barato da região".
A estratégia do El Corte Inglés deste ano passou por "uma comunicação de carácter muito emocional", diz Susana Santos, directora de marketing. Além disso, dinamizaram uma série de serviços, como o cartão presente e a carta de compra, iniciativas semelhantes a outros estabelecimentos do ramo, tal como as vendas a crédito. "Convidamos as pessoas a prepararem-se para o Natal, a moda das festas, as mesas de Natal, os enfeites e presépios, e sublinhámos a importância dos presentes", diz.
O Toys'R'Us foi o último a divulgar o catálogo da campanha de Natal e oferece produtos consoante o volume de compras de cada consumidor. Dá, por exemplo, um reprodutor de MP3 para gastos superiores a 130 euros. Esta cadeia tem a concorrência da Centroxogo, empresa espanhola de comercialização de brinquedos com oito lojas em Portugal, a última das quais recentemente instalada em Lisboa. Os artigos não são mais baratos, mas há brinquedos de "marca branca" a custos baixos. "Os preços compensam e há pouco movimento", explica Arminda Parola, 55 anos, funcionária pública, e que leva no cabaz dez brinquedos da empresa espanhola. "Não penso comprar muito mais", remata.
Perante tanto apelo ao consumo, o consumidor precisa de gastar umas boas horas para comparar preços e fazer escolhas acertadas, artigo a artigo.