Brexit: progressos nas negociações são "insuficientes"

Portugal quer mais detalhes sobre direitos dos cidadãos a viver no Reino Unido
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Theresa May deixou ontem Bruxelas convicta de que está mais próximo o acordo para fechar a primeira fase de negociações do brexit. Regressou a Londres com menos do que pretendia, mas mais do que anunciaram os 27.

May esperava luz verde para o início das discussões sobre a futura relação comercial com o bloco europeu. Mas a decisão foi empurrada para dezembro devido "aos progressos considerados insuficientes" registados em áreas consideradas chave.

O discurso de May foi considerado "por todos" como "forte", mas continuam a "faltar detalhes", como disse o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker.

Para António Costa, foi apenas um discurso, "infelizmente, aquém das expectativas (...) geradas, a partir da intervenção da senhora Theresa May, recentemente, em Florença". O primeiro-ministro português referia-se "ao dossiê financeiro", com os montantes que Londres deverá saldar no ato de saída, relativos a compromissos já assumidos com a UE. May garante que "ninguém precisa de se preocupar", pelo menos "com o atual plano orçamental".

A líder britânica assegurou: "Ninguém quer pagar mais ou receber menos, como resultado da saída do Reino Unido. Vamos honrar todos os compromissos que fizemos durante a nossa permanência."

Porém, há outras áreas que "também estão bastante atrasadas", nomeadamente "no que diz respeito aos direitos das pessoas". "Há dois pontos que para Portugal são particularmente críticos. Um tem que ver com a reunião familiar e outro com a portabilidade dos direitos sociais", especificou Costa, depois de escutar as palavras de May.

"O Reino Unido e a UE partilham os mesmos objetivos de salvaguarda dos direitos [dos cidadãos]", disse a líder britânica, procurando dar algumas garantias. O relatório de Michel Barnier, negociador-chefe da Comissão Europeia, considera--as pouco "concretas".

"Os cidadãos europeus têm um enorme contributo para o nosso país (...) queremos que eles e as respetivas famílias fiquem", disse May, que com isso pode ter convencido a presidência do Conselho Europeu. No encerramento da cimeira, Donald Tusk quase contrariou o relatório e a tónica dominante entre os 27, dizendo que os progressos nas negociações "não são inexistentes". O polaco não só negou "um bloqueio" negocial como considerou "exageradas" tais afirmações.

Sobre a Irlanda do Norte, May considerou "vital" que o processo de paz não seja afetado "em qualquer circunstância". "Temos de ver os detalhes" declarou, porém, o primeiro-ministro irlandês, Leo Varadkar, considerando que o discurso de May, para já, não é mais do que "um bom contributo", para negociar num "tom positivo".

Bruxelas

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