May diz que UE quer ajudar. Tusk questiona como

A primeira-ministra britânica saiu esta noite de Bruxelas com a certeza de que o acordo que quer renegociar "está fechado". Diplomatas europeus sublinham que neste ponto é uma questão de política interna.
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Theresa May esteve reunida com o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk e, mais tarde, num jantar com o presidente da Comissão Europeia Jean-Claude Juncker e, basicamente "veio pedir ajuda", disse ao DN uma fonte muito próxima. "O que May veio fazer foi pedir ajuda para avançar para o exercício de aprovação do acordo, depois de ter percebido que as coisas estão muito complicadas em casa", disse.

"Agora em que é que consiste esse pedido de ajuda, nós não sabemos", vincou a mesma fonte, para quem a "enorme perda de tempo" causada pelo adiamento da votação é "um problema" que a os 27 "não sabem como resolver", até por se tratar de uma questão de "política interna".

O problema assumido pelo presidente do Conselho Europeu, depois de ter recebido a primeira-ministra britânica, para "uma longa e franca discussão", é que neste momento ninguém sabe "como" ajudar. Numa mensagem publicada na rede social Twitter, Donald Tusk admitiu que "é claro que a UE27 quer ajudar. A questão é como".

O sinal mais claro sobre o que pretende o Reino Unido foi avançado pelo secretário de Estado para o Brexit, Martin Callanan, antes de uma reunião de Assuntos Gerais em que, ainda assim, o tema "não foi discutido" disse uma fonte ao DN.

"Ela [Theresa May] quer uma garantia legal extra de que o Reino Unido não ficará permanentemente na ratoeira que é o mecanismo de salvaguarda para a Irlanda", disse o secretário de Estado, lembrando que "este é o problema desde sempre e é a questão central das preocupações de muitos dos membros do Parlamento".

Entre os 27, porém, "ninguém sabe como vamos poder ajudá-la", disse uma das fontes já citadas, questionando-se se uma tal ajuda passará "por uma declaração política" ou "alguma coisa do género".

"Há uma enorme incerteza sobre os acontecimentos que podem derivar da situação atual", mas os 27 mantém-se "coesos" em torno de uma declaração comum, sobre o resultado alcançado em novembro. "Aquilo que todos têm dito é que nós temos um acordo saída que é justo, que foi negociado com todos os chefes de Estado ou de governo e com a senhora May", adiantou uma fonte conhecedora dos dossiers, vincando que "nesse acordo não se pode mexer".

"No momento em que mexermos nesse acordo, estamos a estilhaçar as bases que se construíram ao longo destes quase dois anos", disse a mesma fonte, admitindo, ainda assim, a possibilidade dos 27 ajudarem "se puderem, em alguma coisa".

Ontem, o ministro britânico dos Negócios Estrangeiros, Jeremy Hunt dava a entender que a intenção do governo britânico não era a de renegociar o acordo de retirada.

"A UE tem sido muito clara [dizendo] que não estão dispostos a reabrir o acordo de retirada, esta é a melhor e última oferta", afirmou em Bruxelas, deixando acrescentando porém que "a primeira-ministra também deixou claro que não está totalmente confortável com alguns dos elementos do mecanismo de salvaguarda para a Irlanda".

Antes de se dirigir a Bruxelas, a primeira-ministra britânica esteve em Haia para se encontrar com o primeiro-ministro Mark Rutte, tendo seguido depois para Berlim onde se encontrou com a chanceler alemã Angela Merkel, também com o objetivo de discutir as condições do acordo de saída.

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