Brasil/Eleições: Comunidade homossexual diz que Bolsonaro tirou a homofobia do armário
"Não temos medo, só queremos ter voz ativa. Não acho que a homofobia aumentou. O que percebo é que nós [homossexuais] sentíamos isto dentro de casa e agora os apoiantes do Bolsonaro saíram do armário e levaram a homofobia para as rua", afirmou Rodrigo Coprete, de 33 anos.
Já Rafael Azevedo, de 26 anos, é da opinião que a campanha de Bolsonaro, um candidato que disse publicamente que homossexuais deveriam ter sido espancados na infância para aprenderem a serem homens, é uma ameaça porque representa uma tendência fascista que cresce no Brasil.
"Aumentaram os casos de violência contra a comunidade LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgénero), mas isto também é uma chance de nos levantarmos contra o fascismo. As pessoas começaram a mostrar quem são. Os fascistas estão a sair do armário e isto pode ser bom", avaliou.
Uma outra manifestante, Cecília Madeira, de 31 anos, que carregava uma grande bandeira com as cores do arco íris - símbolo da comunidade LGBT -, disse acreditar que as ideias defendidas por Bolsonaro representam uma ameaça à sua vida.
"Ele representa uma ameaça à minha vida. Sou mulher e lésbica. Desde que Bolsonaro ganhou protagonismo no cenário político aumentaram os ataques contra [a comunidade] LGBT nas ruas e na Internet", contou.
"Amigos próximos que são eleitores do Bolsonaro mostraram que são homofóbicos e isto atinge-me diretamente. Tenho medo. Há duas semanas passei a ser ameaçada na Internet por ser lésbica e militante", concluiu.
Neste sábado tiveram lugar no Brasil dezenas de protestos contra e a favor do candidato Bolsonaro, que saiu do hospital Albert Einsten, na cidade de São Paulo, onde recuperava de um atentado cometido contra sua vida no dia 06 de setembro.
Bolsonaro lidera as últimas sondagens das presidenciais brasileiras com 28% das intenções de voto.