"Alguma imprensa fala que vamos ter problemas com a China. Não temos problemas nenhuns com a China. Recebi na semana passada o embaixador da China e conversámos bastante. Já recebi também o embaixador dos Estados Unidos da América. (...) Alguns países estão muito felizes com a nossa eleição porque deixarão de fazer comércio com o Brasil com o viés ideológico", afirmou Jair Bolsonaro, na sua conta da rede social Facebook..O recém-eleito Presidente disse que deseja que os produtos brasileiros sejam exportados ao melhor preço possível, acrescentando que o país deve tentar "agregar valor" aos produtos..A questão do conflito de ideologias tem sido um ponto em que Bolsonaro tem insistido nas suas manifestações públicas..Durante a tarde de sexta-feira, o antigo capitão do Exército escreveu uma mensagem na sua conta do Twitter em que afirmou que a ausência de viés ideológicos beneficiará o comércio entre o Brasil e outros países.."Após as eleições, grandes empresas já anunciaram milhões em investimentos no Brasil nos próximos anos. É só o começo. Comércio com o mundo todo sem viés ideológico, a somar com a redução de impostos mais a desburocratização, resultará em mais confiança, mais investimentos e mais empregos", disse o futuro chefe de Estado..Foi através da publicação de um editorial no principal jornal estatal chinês, o China Daily, numa versão em inglês, que a China avisou Jair Bolsonaro de que se seguir a linha do Presidente dos Estados Unidos da América, Donald Trump, e romper acordos com Pequim, quem sofrerá será a economia brasileira..De acordo com o editorial, as exportações brasileiras "não ajudaram apenas a alimentar o rápido crescimento da China, mas também apoiaram o forte crescimento do Brasil"..Jair Bolsonaro criticou a China durante toda a sua campanha presidencial..Antes, em fevereiro, o político da extrema-direita visitou ainda a região de Taiwan, o que não agradou a Pequim..Para os chineses, as críticas a Pequim "podem servir para algum objetivo político específico", mas "o custo económico pode ser duro para a economia brasileira, que acaba de sair da sua pior recessão da história", pode ler-se no texto publicado no jornal que serve de porta-voz do governo chinês para o mundo e é utilizado para mandar mensagens a parceiros..O editorial do jornal chinês deixou ainda uma chamada de atenção para a importância da China na economia brasileira: "Ainda assim, esperamos que quando ele assumir a liderança da oitava maior economia do mundo, Bolsonaro olhe de forma racional e objetiva para o estado das relações Brasil-China. (...) A China é o seu maior mercado exportador e a primeira fonte comercial", lê-se..O candidato do Partido Social Liberal (PSL, extrema-direita), Jair Messias Bolsonaro, 63 anos, capitão do Exército reformado, foi eleito no dia 28 de outubro, na segunda volta das eleições presidenciais, o 38.º Presidente da República Federativa do Brasil, com 55,1% dos votos, derrotando o candidato do Partido dos Trabalhadores (PT), Fernando Haddad, que teve 44,9% dos votos.