Brasil quer investimento espanhol e português no setor da energia
Por isso, "queremos apresentar aos investidores portugueses e espanhóis as oportunidades que temos no Brasil e a segurança regulatória que o país oferece", afirmou André Pepitone em declarações à Lusa.
O setor elétrico brasileiro "está em expansão", referiu o diretor-geral da ANEEL - Agência Nacional de Energia Elétrica do Brasil, que é também presidente da associação de reguladores da América Latina. Só no ano passado, o Brasil instalou sete mil quilómetros de redes de transporte, indicou, como exemplo.
"Nós temos uma perspetiva de investimento no segmento de geração [produção] de energia entre 2018 e 2023 de 25 bilhões de dólares. E vamos precisar de instalar no país mais de 22 mil megawatts de energia", avançou o responsável do regulador.
Para o Brasil levar para a frente este ambicioso plano de investimentos no setor da energia, "precisa de capital privado. E o que o país oferece é um marco regulatório seguro e transparente, a previsibilidade", afirmou o presidente da ANEEL.
"Diante disso a gente conta com o capital estrangeiro para disputar ativos elétricos brasileiros", afirmou Pepitone, considerando que essa concorrência entre investidores e operadores de mercado será "benéfica" para o consumidor.
O diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) é um dos vários responsáveis do setor energético brasileiro que participam na Conferência Ibero-brasileira de Energia (CONIBEN 2019), que termina hoje, juntando em dois dias atores do setor de Espanha, Brasil e Portugal num debate sobre o futuro daquele mercado.
Um evento que conta com a presença do ministro do Ambiente e da Transição Energética, João Pedro Matos Fernandes, e dos seus homólogos do Brasil, Bento Costa Lima Leite de Albuquerque, e de Espanha, Teresa Ribera Rodríguez.
Nos debates participam também os secretários de Estado da Energia dos três países: o português João Galamba, o espanhol José Domínguez Abascal e o brasileiro Reive Barros dos Santos.
Hoje, o Brasil tem duas metas muito claras: "descarbonizar" o seu parque gerador, ou seja, a produção de energia, avançando com as energias renováveis, e digitalizar o setor, transformando as redes elétricas "numa internet da energia".
"Temos de buscar eficiência", referiu o responsável da ANEEL.
Para Pepitone, a matriz geradora do Brasil é "limpa", com 33% dos 175 mil megawatts de potência instalada gerado a partir de fontes renováveis.
Porém, com 74% da produção de energia instalada produzida em centrais hidroelétricas, quando chove menos, o país "tem problemas", admitiu.
As alternativas nesses períodos são centrais a combustível, com uma produção cara e poluente.
Neste contexto, outro passo previsto e fundamental no plano para a energia é a transformação das antigas centrais a combustível por novas a gás natural, aproveitando "uma oferta de gás natural em abundância" das explorações no pré-sal brasileiro, concluiu.
A ANEEL e regulador português assinaram esta quarta-feira, em Lisboa, um acordo de cooperação.
As duas entidades vão, conjuntamente, trabalhar para promover a capacitação técnica de recursos humanos e o intercâmbio de conhecimentos, informações e experiências nas áreas organizacionais e na regulação do setor de energia elétrica. "Buscamos estimular a troca de conhecimentos e experiências, para aplicarmos no Brasil as melhores e mais modernas práticas regulatórias adotadas no mundo, ao tempo em que podemos contribuir com nossa experiência, marcada por um parque gerador maioritariamente renovável e uma atuação transparente, pautada pela previsibilidade das regras", disse após a assinatura André Pepitone.
Lusa/ Fim