BPN: Algumas situações não são detectáveis através de métodos de supervisão normal - José João Alvarez

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Lisboa, 26 Mar (Lusa) - Um dos responsáveis da supervisão do Banco de Portugal, José João Alvarez, afirmou hoje terem sido detectados "problemas e situações anómalas" no BPN mas que algumas situações não são detectáveis através de métodos de supervisão normal.

"O BPN (Banco Português de Negócios) foi um caso de fraude ao mais alto nível, foram prestadas declarações falsas, foram omitidas informações, foram utilizados 'testas de ferro', offshores... O que não são situações simples de serem detectadas", afirmou José João Alvarez, na Comissão de Inquérito sobre o BPN e Supervisão inerente.

"Na altura, com base no que tinha disponível, tenho plena consciência que fiz aquilo que poderia ter feito. Agora, seria mais simples fazer uma opinião diferente" afirmou o mesmo responsável, que desempenha no Banco de Portugal (BdP) funções de supervisão directa sobre o BPN desde 2004.

José João Alvarez defendeu perante os deputados da Comissão a acção do BdP, sublinhando que o "impacto da inspecção do BdP foi importante e teve consequências ao nível do BPN" e ainda que o banco esteve "sob escrutínio contínuo das autoridades de supervisão".

"No trabalho que fizemos detectámos algumas situações. Mas verificámos agora que houve prestação de informação falsa. Fomos até ao fim, fizemos as perguntas, vimos agora que essas respostas são falsas", afirmou o responsável.

O agora coordenador do núcleo de supervisão encarregue do caso BPN afirmou que na sequência da inspecção que decorreu em 2008 ao banco, "foram detectadas algumas situações relativas a veículos offshore para os quais tinha sido pedida informação" e após essa informação ser prestada "foi solicitado ao BPN que procedesse à cobertura do défice de provisões".

"A insuficiência de provisões acabou por ser regularizada por fundos próprios", afirmou o responsável pela supervisão, acrescentando que era exigido ao banco um rácio de solvabilidade superior ao dos outros bancos.

José João Alvarez garantiu ainda que "não há problema de falta de informação entre os vários núcleos que compõem a supervisão" no banco central e que após receber do Departamento Central de investigação e Acção Penal (DCIAP) uma pergunta sobre informação no BdP de operações do Banco Insular, que a resposta foi imediatamente "não".

"Na altura em que o e-mail foi enviado não havia qualquer suspeita de qualquer relação entre BPN e Insular. Enviei um e-mail para o BPN com uma pergunta genérica para tentar despistar eventuais operações que pudesse ter havido com o banco insular, a resposta foi negativa", esclareceu, adiantando que só descobriram em 2008 o Banco Insular.

NM.

Lusa/fim

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