BPI, CGD e NB têm 75 milhões em risco na maior falência de Espanha

Os três bancos portugueses dizem que o valor em risco é inferior ao avançado em Espanha. Há 200 instituições credoras
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Três bancos portugueses estão expostos àquela que poderá ser a maior falência da história empresarial de Espanha. Novo Banco, BPI e CGD integram a lista de credores da empresa espanhola de engenharia e de energias renováveis Abengoa. De acordo com o jornal de economia espanhol Expansión, no final de setembro, a exposição da banca nacional ascendia a 75 milhões, em financiamento concedido através de créditos e garantias. No entanto, o DN/Dinheiro Vivo sabe que o valor em causa é bem inferior ao noticiado pelo jornal espanhol. Descartado está qualquer impacto nas contas dos bancos ou um reforço de provisões.

Na lista do jornal espanhol constam 200 instituições financeiras mundiais com uma exposição conjunta superior a 20 mil milhões de euros no final de setembro passado. No caso português, o Novo Banco tinha uma exposição de 55 milhões de euros, seguido pelo BPI e pela CGD, ambos com 10 milhões de euros cada um. Questionada pelo DN/Dinheiro Vivo, fonte oficial do Novo Banco garantiu que "a exposição do Novo Banco na Abengoa é muito inferior à referida na notícia". No caso da Caixa e do BPI o valor é também mais baixo.

Na lista também aparece o nome BCP, com uma exposição de 142 milhões de euros, mas não é o banco português liderado por Nuno Amado, mas sim uma instituição peruana. "O grupo Millennium BCP não tem qualquer exposição à Abengoa", confirmou fonte oficial do banco. Igualmente presente está o Banco BIC, mas Mira Amaral garantiu ao DN/Dinheiro Vivo que "crédito direto à empresa espanhola não temos". O presidente do banco não sabe se "teremos algum crédito a alguma filial portuguesa da Abengoa", mas garante que "nunca dessa ordem de grandeza". "Se fosse dessa ordem de grandeza, não me passaria despercebido."

A nível mundial, o pódio dos mais expostos à Abengoa é composto pelo Federal Financing Bank - detido pelo governo norte-americano -, com 2,22 mil milhões, seguido do Santander, com 1,55 mil milhões, e do Banco Nacional de Desenvolvimento Económico e Social (BNDES), com 750 milhões de euros. Do montante total, cerca de 4,4 mil milhões de euros, ou o equivalente a 20% da exposição, estão nas mãos da banca espanhola. Além do Santander, o Bankia tem um total de 582 milhões, o CaixaBank conta com 570 milhões e o Sabadell outros 385 milhões.

Criada em 1941 (ver texto ao lado), a Abengoa iniciou na quarta-feira um procedimento para obter proteção dos credores, depois de a também espanhola Gonvarri ter cancelado um investimento de 350 milhões de euros em troca de 28% do capital. Com um passivo superior a 20 mil milhões de euros e uma dívida de quase nove mil milhões, a empresa tem poucas opções em cima da mesa. Além de tentar evitar a falência, a solução poderá estar na entrada de novos acionistas no capital, como sejam fundos de capital de risco. Os principais bancos credores já estão à procura de um novo comprador para a empresa sevilhana.

Até lá, a Abengoa conta com três meses para negociar e tentar chegar a um acordo de refinanciamento com os credores, e dispõe de mais um mês para apresentar o pedido de insolvência. Durante este período, a atividade e a administração mantêm as suas funções normais.

José Manuel Soria, o ministro da Indústria espanhol, espera que seja encontrada uma solução para a Abengoa, mas reconhece que a situação da empresa é "extremamente delicada".

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