BP e Eni podem lançar OPA sobre Repsol

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A Repsol YPF poderá vir a ser alvo de uma oferta pública de aquisição (OPA) por parte de um grande player do sector. Segundo referências da imprensa espanhola de ontem, a BP e a Eni têm em estudo, mais ou menos adiantado, a hipótese de se lançarem à compra da empresa hispano-argentina, que a preços da passada sexta-feira valia em bolsa 27 mil milhões de euros. Mas a notícia da possível OPA já trouxe a Repsol para valores mais altos, já que o título subiu ontem, em Madrid, 4,18% para os 23,18 euros.

Segundo fontes do mercado espanhol, existem duas razões de peso para que a Repsol possa vir a ser alvo de OPA. Em primeiro lugar, e a partir de ontem, a maior distribuidora de combustíveis espanhola deixou de contar com o apoio accionista do Estado, já que este perdeu os direitos especiais (golden share) que detinha na empresa. Por outro lado, a Repsol perdeu uma parte do seu valor desde que em finais de Janeiro viu reavaliadas as suas reservas em baixa de 25%. Isso tinha vindo a reflectir-se na cotação do papel, tornando-o mais barato e, logo, mais atractivo para efeitos de OPA. Segundo a Repsol, a reavaliação das reservas afectou essencialmente o gás natural que a empresa detém em vários países da América Latina, com destaque para a Bolívia.

A conquista da Repsol YPF daria, quer à Eni quer à BP, a liderança do mercado de produtos petrolíferos em Espanha e na Argentina. Recorde-se que a empresa é o resultado de uma fusão entre a espanhola Repsol e a argentina YPF. Aliás, o único 'senão' ontem apresentado pelos analistas quanto à hipótese de sucesso de OPA era o facto de o Estado argentino ter mantido a golden share na empresa, ao contrário do seu homólogo madrileno. Em Portugal, a Repsol é a segunda gasolineira com mais postos de abastecimento, o que conseguiu após ter comprado a rede da Shell. Uma OPA sobre a Repsol consubstanciaria um problema de concorrência, quer para a Eni quer para a BP, já que a primeira é accionista de referência da Galp e a segunda encontra-se em concorrência directa com a empresa hispano-argentina, disputando-lhe um dos lugares cimeiros no ranking.

As notícias das movimentações em trono da Repsol surgem numa altura em que as empresas que actuam no sector do petróleo se encontram fortemente capitalizadas, após um ano de lucros recorde dominado pela alta do preço do petróleo. Mas o que faz sentido para uma Eni ou para uma BP não colhe para a estratégia já montada pela Repsol, que logo após ter tido conhecimento da sua quebra de reservas lançou-se à conquista de novos activos. Ainda ontem a Repsol anunciou a compra de 10% de uma empresa sueca que opera nos vastos lençóis de combustíveis fósseis da antiga União Soviética.

Entretanto, dois dos maiores accionistas da Repsol - La Caixa e Caixa Catalunya - anunciaram ao fim do dia que podem desvincular-se do capital da Repsol, podendo acordar vender a terceiros a participação na empresa conjunta Repinves. Não foi possível apurar da relação deste facto com o rumor de OPA. C

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