Bosão de Higgs é descoberta do ano para a 'Science'

A observação de uma partícula subatómica que se admite ser o bosão de Higgs foi considerada a descoberta científica mais importante de 2012 pela revista 'Science', que hoje avança com uma lista das dez maiores conquistas da ciência.
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Esta partícula, cuja existência foi concebida pela primeira vez há mais de 40 anos, é a chave para explicar como é que as outras partículas elementares (que não são compostas de outras partículas mais pequenas), como os eletrões e os quarks, têm massa.

Os investigadores anunciaram a descoberta do bosão de Higgs a 04 de julho, apresentando assim a peça que faltava ao puzzle daquilo que os físicos chamam o "Modelo Padrão", a teoria em que assenta toda a física de partículas elementares, que tenta explicar a origem e o funcionamento do universo.

A existência do bosão que confere massa às outras partículas foi originalmente postulada em 1964 pelo físico escocês Peter Higgs, mas foram precisos 48 anos para que fosse mais do que o produto de uma mente brilhante. Nenhuma das outras partículas elementares foi tão esquiva.

Como explica Adrien Cho, o jornalista da 'Science' que escreveu sobre a descoberta na edição de hoje, é matematicamente impossível atribuir massa às partículas. "A massa deve, de alguma forma, emergir das interações das partículas entre si e é aí que entra o Higgs".

Os físicos assumem, acrescenta o jornalista, que o espaço está cheio de um "campo Higgs", semelhante a um campo elétrico e as partículas interagem com ele para obter energia e massa.

"Tal como um campo elétrico consiste de partículas chamadas fotões, o campo Higgs consiste de bosões de Higgs introduzidos no vácuo", explica. "Os físicos conseguiram agora retirá-los do vácuo e dar-lhes uma breve existência".

Mas ver o bosão de Higgs não foi fácil nem barato, escreve a 'Science'. Milhares de investigadores a trabalhar com um acelerador de partículas que custou 5,5 mil milhões de dólares no laboratório de física de Partículas CERN, em Genebra, usaram dois gigantescos detetores de partículas, conhecidos como ATLAS e CMS, para identificar o tão procurado bosão.

Não se sabe ainda aonde esta descoberta levará a investigação na área da física de partículas, mas o seu impacto na comunidade científica este ano foi inegável, escreve ainda a revista, para justificar a escolha da observação do bosão de Giggs como descoberta científica do ano.

Entre as restantes nove descobertas escolhidas pela 'Science' para a lista dos 'dez mais' estão o genoma de Denisovan, a descoberta de cientistas japoneses que conseguiram produzir ovos de células estaminais de ratinhos ou o sistema de aterragem da sonda Curiosity, que aterrou na superfície de Marte.

O TALENs, um utensílio que permitiu aos cientistas alterar ou inativar genes específicos; a comprovação da existência dos fermiões de Majorana, partículas que funcionam como a sua própria antimatéria, aniquilando-se; e a descoberta de que doentes paralisados podem mexer um braço mecânico com as suas mentes e realizar movimentos complexos em três dimensões foram outras descobertas escolhidas pela 'Science'.

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