Boris Johnson ameaça abandonar em junho negociações com a UE

As diretivas de negociação britânicas foram apresentadas esta quinta-feira. Se não houver progresso, Reino Unido diz que terá que decidir se é melhor focar-se na continuação dos preparativos para o fim do período de transição.
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O Reino Unido ameaça abandonar em junho as negociações sobre a futura relação com a União Europeia (UE), caso não haja progresso a nível de um acordo de livre comércio até lá. A indicação é dada nas diretivas de negociação apresentadas esta quinta-feira em Londres.

Sem esse progresso, "o governo vai precisar de decidir se a atenção do Reino Unido deve desviar-se das negociações e focar-se unicamente na continuação dos preparativos domésticos" para sair sem acordo no final do período de transição, isto é, no final de 2020.

A informação consta de um documento de 40 páginas, no qual se reitera que não haverá um pedido de alargamento do período de transição. As negociações começam oficialmente na segunda-feira.

"O governo espera que, nessa altura [em junho], os contornos básicos de um acordo sejam claros e que seja possível finalizá-lo rapidamente até setembro", escrevem, dizendo que quase contrário têm que pensar em dedicar-se apenas aos "preparativos domésticos" para o pós-Brexit.

O governo britânico identifica como principal ponto de discórdia a exigência da UE de respeito pelas regras e leis europeias pós-Brexit, propondo em alternativa um "relacionamento baseado na cooperação amigável entre iguais soberanos, com ambas as partes respeitando a autonomia legal e o direito de gerir os seus próprios recursos como entenderem".

E deixa claro: "Aconteça o que acontecer, o governo não negociará qualquer acordo em que o Reino Unido não tenha o controlo das suas próprias leis e vida política. Isso significa que não concordaremos com nenhuma obrigação para que as nossas leis sejam alinhadas com as da UE ou que as instituições da UE, incluindo o Tribunal [Europeu] de Justiça, tenham jurisdição no Reino Unido".

Os 27 Estados-membros da UE, reunidos na terça-feira ao nível de um Conselho de Assuntos Gerais, deram "luz verde" formal à Comissão Europeia para iniciar as negociações com Londres visando uma "parceria ambiciosa, abrangente e equilibrada" com o Reino Unido, em "benefício de ambos os blocos".

No mandato dado à equipa negociadora chefiada por Michel Barnier, o Conselho Europeu indica que "a futura parceria deve ser suportada por compromissos sólidos para garantir condições equitativas de concorrência aberta e justa, dada a proximidade geográfica e a interdependência económica da UE e do Reino Unido".

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